O Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil, é
uma das paisagens mais bonitas do Espírito Santo. Na subida de pouco mais de 4
quilômetros, a partir do acampamento, o turista se vê diante de um sacrifício,
mas, também, de uma recompensa.
No alto da montanha sagrada, a visão da
cadeia de montanhas sem fim, com as nuvens aos pés dos visitantes, e as
temperaturas frias, muitas vezes abaixo de zero, levam os aventureiros à
reflexão. Ali, descobrimos que somos apenas uma pequena – mínima – partícula
deste universo.
Trilhas sobre pedras Quem sobe pelo lado
capixaba chega mais rápido, mas é preciso guias para orientar o percurso, cheio
de precipícios e trilhas sobre as pedras. Caso contrário, você corre o risco de
se perder. A caminhada é íngreme, por isso requer esforço que só é recompensado
quando se chega ao topo. Os turistas preferem fazer a subida de madrugada para
não perder o nascer do sol lá em cima. São alguns segundos mágicos, mas que
ficam eternamente na memória. Quem preferir pode fazer o trajeto durante o dia e
aproveitar para ver o entardecer.
No percurso, outras montanhas se
destacam na paisagem, como os picos do Calçado e do Cristal. No caminho, apenas
uma nascente marca o roteiro. Por causa da altitude, a vegetação é rasteira, o
que facilita bastante a aventura.
A portaria do Parque Nacional do
Caparaó capixaba fica no distrito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto. O
visitante chega ao local de carro e vai até o camping, que fica a cerca de 2 mil
metros de altura. É desse lugar que a aventura até o topo começa – de madrugada,
é claro.
Leve na mochila Roupas que suportem as baixas
temperaturas, às vezes abaixo de zero (leve o necessário, o que não pode é
passar frio)
– Luvas, cachecol, gorro, cobertor, barraca, saco de dormir
e lanterna
– Durante a subida barra de cereal e algum biscoito de
sal
Com muita
sorte dá para ver os muriquis No Pico da Bandeira, pelo lado capixaba,
encontram-se animais remanescentes da Mata Atlântica, alguns ameaçados de
extinção, além de espécies endêmicas (que só ocorrem nesse local). Entre os mais
raros está o muriqui, o maior primata das Américas, também chamado de
monocarvoeiro, que pode chegar ao tamanho de uma criança de 10 anos. Eles são
encontrados, geralmente, em grupos de 25 macacos. Sua dieta é variada,
constituindo-se, principalmente, de folhas, além de frutos e flores. Suas
atividades são diurnas, por isso, para vê-los, o que não é fácil, faça
caminhadas de dia. Mas cuidado, eles podem tentar afastá-lo sacudindo galhos,
pulando e, acredite, até defecando na sua cabeça.
Onde acampar no
lado capixaba Camping da Casa Queimada: O acesso é feito por uma
estrada muito íngreme e fica a 9 quilômetros da portaria capixaba, situada no
distrito de Pedra Menina, que faz parte do município de Dores do Rio Preto. É
último ponto para chegar de carro por esse lado do parque e fica a 2,4 mil
metros de altitude. Está situada ao longo de um trecho do Rio São Domingos em
meio à belíssima paisagem natural. A infra-estrutura é boa. A energia é solar. A
água vem do Pico do Cristal (2.770 metros). Há tanques, pias, sanitários,
chuveiros, área de acampamento e estacionamento para até 30 automóveis além da
casa dos guardas do Ibama.
Camping da Macieira – O acesso também
é pela portaria capixaba. Possui uma área com belíssima paisagem natural,
situada na nascente do Rio São Domingos a 2.160 metros de altitude e distante da
portaria cerca de 5 quilômetros. O visitante conta com área de acampamento
equipada com sanitários e lava-pratos, além de um posto de guardas.
Eu estive lá
Realização pessoal e profissional
Andresa Alcoforado – Jornalista
Os dias que antecederam a
subida ao Pico da Bandeira foram de expectativa – pessoal, pela realização de um
sonho, e profissional, pela sensação de estar no ponto mais alto do Estado. Às
2h30 saímos do acampamento. Logo constatei que minha mochila estava pesada.
Ainda bem que um anjo da guarda a carregou para mim. Ufa! Depois me faltou o ar
e senti náuseas. Em cada obstáculo, a sensação de cansaço aumentava, assim como
a briga em relação aos limites do meu corpo. Comparei todos esses sentimentos
com o desafio diário que é viver. Mas foi lá em cima que tive uma das melhores
recompensas da vida: o nascer do sol entre as nuvens, quando fiquei mais perto
de Deus”.
Século XVIII Desde essa época é realizada a colheita
de café na Região do Caparaó, quando, com o fim da mineração, o produto
substituiu o ouro no processo de povoamento mineiro.
Século XIX
É a época em que a região da Zona da Mata mineira, que incluía cidades
como Carangola e Manhuaçu, próximas ao parque, tornou-se cafeicultora, atraindo
imigrantes italianos, espanhóis e portugueses
Mudança – Pecuária de
leite Com o tempo, a terra foi sendo esgotada, a mão-de-obra foi
escasseando e o café perdeu valor econômico. E a pecuária de leite se
transformou na atividade predominante na região, até à volta do café, que
continua atualmente
Transporte – Tropeiros e mercadorias Outro
fator importante na região foi a presença constante de tropeiros que carregavam
mercadorias, notícias e, especialmente, o café para ser comercializado. Foi a
principal forma de transporte por muito tempo.
1913 Foi o ano
em que chegou o transporte ferroviário à região. A “The Leopoldine Railway”
chegou para transportar produtos agrícolas e madeiras nobres como o cedro.
Poluição – Trem movido a carvão Na época, além da destruição
causada pela comercialização da madeira, os trens utilizavam locomotivas a vapor
que se abasteciam de carvão vegetal proveniente das florestas locais.