| 01.06.2006 –
Ela trouxe a Starbucks para o Brasil
Em 1997, a então estudante de MBA Maria Luisa Rodenbeck chegou à sede da americana Starbucks, em Seattle, e disparou: “Quero falar com Howard Schultz”. Seu plano era tentar convencer o fundador da maior rede de cafeterias do mundo, com faturamento anual de 6,4 bilhões de dólares, a entrar no mercado brasileiro. Educadamente, uma das secretárias tratou de dispensá-la. Ao entrar no elevador para deixar o edifício, porém, Maria Luisa deu de cara com o próprio Schultz. Apresentou-se ao empresário e lhe entregou uma cópia de seu plano de negócios. Em junho de 2005, o mesmo Schultz a recebeu em seu escritório com um abraço e o velho plano nas mãos. “Lembra-se disso?”, perguntou ele a Maria Luisa, hoje sua sócia no Brasil.
Casada com o americano Peter Rodenbeck, responsável pelo desembarque do McDonald’s no Brasil, na década de 80, Maria Luisa levou quase uma década para convencer Schultz de que investir por aqui seria um bom negócio. No final de maio, a sociedade entre a rede Starbucks e o casal Rodenbeck foi finalmente confirmada — as participações são de 49% e 51%, respectivamente. Os sócios não revelam o valor do investimento, mas analistas estimam que gire em torno de 20 milhões de reais, o suficiente para a abertura de cinco lojas. A primeira delas deve ser inaugurada neste ano, em São Paulo.
Esse é o primeiro grande negócio de Maria Luisa Rodenbeck. Ex-executiva da United Airlines, da American Airlines e do Outback (rede australiana de restaurantes lançada no Brasil pelo casal Rodenbeck), Maria Luisa admite que o nome e o histórico do marido pesaram na decisão da Starbucks. “Peter é meu guru, aprendi tudo com ele. Mas desde o início ficou muito claro que o sonho de trazer a Starbucks ao país era meu”, diz. Para concretizá-lo, Maria Luisa teve de ser persistente. Após a primeira visita, enviou cartas anuais a Seattle reiterando o interesse em ser sócia da rede. Em 2002, conseguiu trazer os primeiros executivos para sondar o mercado brasileiro. Aos poucos, as visitas foram ficando mais freqüentes. Nesses encontros, os Rodenbeck esforçavam-se para mostrar conhecimento do mercado, já que a Starbucks só trabalha com lojas próprias e sócios locais. “Desde o início percebi que ela seria forte candidata. Havia uma química com nosso jeito de fazer negócios”, diz Pablo Arizmendi, vice-presidente de marketing e negócios da Starbucks para a América Latina.
Quem é Maria Luisa Rodenbeck |
Idade 47 anos |
Formação Fez letras na PUC do Rio de Janeiro e MBA em finanças em Boston, nos Estados Unidos |
Família É casada com Peter Rodenbeck, responsável pela entrada do McDonald‘s no Brasil |
Negócios É sócia na rede de restaurantes Outback |
Iniciadas as discussões sobre o formato da operação brasileira, Maria Luisa tratou de persuadir os americanos a fazer pequenas adaptações. Aqui, as lojas vão oferecer cafés exclusivamente brasileiros, o que não ocorre no resto do mundo. Outra particularidade é que as cafeterias brasileiras devem também usar xícaras — nos outros 36 países onde a Starbucks opera, o café é servido apenas em copos de isopor. Um dos pontos que ainda precisam ser definidos é o preço. Nos Estados Unidos, um expresso custa 2 dólares. No Brasil, especula-se que um café poderá custar até 10 reais. Maria Luisa tergiversa. “Isso é chute, ainda não definimos os valores.”