Por Carine Ferreira – Valor Econômico
O recuo das cotações do café arábica em Nova York em 2012 respingou nas margens dos produtores de cafés especiais do Brasil. Embora não se fiem no valor da commodity na bolsa, já que costumam buscar contratos com preço fixo e têm relação mais direta com os compradores, os cafeicultores que apostam em qualidade superior atualmente recebem valores que beiram os custos de produção – que são mais elevados -, conforme Henrique Sloper de Araújo, presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
Mesmo assim, e dependendo do caso, os valores para os cafés especiais em 2012 foram em geral 30% menores que no ano anterior, exatamente como no caso da commodity negociada no mercado nova-iorquino (ver acima). Quem faz contrato de longo prazo sofre menos, pondera. Esse grupo ainda é pequeno, mas cresce a cada ano.
Em 2012 também foi mais difícil produzir grãos especiais. Em virtude das chuvas durante a colheita, houve no país uma redução entre 20% e 30% de cafés com nota acima de 80 (considerados os de melhor qualidade), em uma escala que vai até 100. Apesar da menor demanda pelo café brasileiro em função do aumento do consumo de café robusta, a qualidade do produto na Colômbia, o principal concorrente brasileiro em grãos arábicas, também caiu.
Não existem estatísticas sobre o consumo desses produtos de maior valor agregado, mas estima-se que não chega a 5% da produção mundial de café – ou cerca de 2 milhões de sacas por ano. Mas especialistas apontam que é o segmento da cafeicultura mundial que mais ganha fôlego. (CF)