12/06/2012 – Bruno de Menezes
Cafeteria em funcionamento durante a Conferência
“Que bebida você prepara?” A pergunta de um dos participantes da Conferência Internacional de Coffea canephora é prontamente respondida: “Café, cappuccino, café com leite, com cachaça, com whisky …” A excelência do conilon capixaba está à toda prova. Vários drinks são oferecidos na cafeteria montada no Centro de Convenções de Vitória.
Os blends servidos têm 60% de arábica e 40% de conilon. A ideia de montar uma cafeteria no evento parece óbvia, mas tem um objetivo importante. Mostrar que o conilon pode entrar em qualquer blend em cafeterias de todo o mundo, e quebrar o paradigma de que o robusta não serve para café expresso. “O gosto suave do arábica mais o encorpamento do conilon finalizam uma bebida muito agradável. Muitos achavam o conilon ruim, e hoje, percebem a presença dele na xícara”, avalia o barista Cássio Rosendo.
O cheirinho de café feito na hora atraiu Wellyton Cassaro para o balcão da cafeteria. Para o analista de crédito, o cafezinho é trabalho e lazer ao mesmo tempo. “O café está no meu dia a dia não apenas como bebida. No trabalho, boa parte dos financiamentos que a gente aprova é na área de cafeicultura. No lazer, é bacana reunir os amigos, tomar um cafezinho em casa…”
Evair Vieira de Melo, diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), vai além: “Nós temos certeza de que neste instante, em algum lugar do mundo, tem alguém bebendo café. E, com certeza, na xícara tem um pouco de café brasileiro. Mais do que aroma, sabor e outras características sensoriais, por trás desta xícara de café tem gente. O café une as pessoas, traz riqueza, tira muita gente da miséria. Vamos apresentar a vocês a mais completa obra da atividade econômica já produzida no planeta”, finaliza.
Em ambientes para lá e agradáveis, as cafeterias paulsitas oferecem expressos primorosos. Drinques surpreendentes feitos com o grão e gostosuras para petiscar
Matéria publicada na edição 142 – Julho/ 2005
A cidade litorânea de Santos nunca produziu café, mas abriga o prédio em que era negociado todo grão cultivado em São Paulo: a “Bolsa Official de Café” – como até hoje está escrito, com letras de metal, na fachada do edifício inaugurado em 1922. O requintado estilo inspirado no Renascimento Italiano reflete a importância econômica do café na época da construção do prédio. O mesmo em que, atualmente, funciona o Museu dos Cafés do Brasil, que foi reaberto ao público em 1998. Além da antiga sala de pregões, ele conta com uma biblioteca, o Centro de Preparação do Café (CPC) e a Cafeteria do Museu, inaugurada há dois anos. Nela, você toma o café com um blend especial (combinação de grãos), compra café orgânico (sem agroquímicos) ou os cultivados na chamada Alta Mogiana (ao nordeste do Estado de São Paulo), no sul de Minas Gerais ou no Cerrado Mineiro. Se o dia estiver quente, peça um frapê – mistura de expresso e sorvete de café. O bombom, claro, de café, também é uma ótima pedida.
R. XV de Novembro, 95, tel. (13) 3219-5585, Santos, SP. De terça a sábado, das 9 às 17 h; aos domingos, das 10 às 17 h. Visita ao museu: 4 reais. Cafeteria: entrada franca.
AMAURY CAFÉ
Na hora do almoço rola o maior burburinho no Café Amauri, projetado pelo arquiteto Isay Weinfeld. Além de ficar entre restaurantes e prédios comerciais bastante movimentados, a cafeteria tem qualidades inegáveis, capazes de fazer o paulistano aterrisar por lá no meio do expediente. Situada em uma praça de 200 m2, exibe cortinas-d’água, mesinhas ao ar livre e bancos sombreados por ipês. O encorpado café expresso é mais um dos atrativos: vem acompanhado de um brigadeiro que derrete na boca. Quente ou frio, o “leite da vovó” também faz sucesso. O drinque leva doce de leite, canela em pó e leite batido. O Café também vende salgados e doces apetitosos, além de charutos. Se você preferir ir à noite, prepare-se para o clima intimista criado pela iluminação à luz de velas.
O charmoso Amaury Café |
R. Amauri, s/no (em frente à Revistaria Amauri), tel. (11) 3078-3799, São Paulo, SP; todos os dias, das 11 às 23 h.
IL BARISTA
Localizado em um anexo do Hotel Meliá, possui revistaria e livraria. Freqüentado especialmente por executivos que trabalham na região, é tão simpático que causa a impressão de que as pessoas querem afrouxar a gravata e ficar mais um tempo por lá depois do saboroso expresso. Quem pode esticar o horário de almoço e tem a opção de trabalhar um pouco na cafeteria, conta com acesso gratuito à internet e sistema wi-fi (sem fio). Há quase duas dezenas de bebidas quentes e frias com café. Entre as delícias, o “freddo limone”, que leva cappuccino, sorvete de limão, chantilly e raspas de limão (foto), e o “ópera”, dose de expresso forte acompanhada de conhaque. As variadas saladas e as empanadas de palmito, carne e frango fazem bonito. Aos fumantes são reservadas as mesas externas.
Livraria e acesso gratuito à Internet |
R. Verbo Divino, 1323, tel. (11) 5181-1671, São Paulo, SP; site www.ilbarista.com.br.
CAFÉ E BISTRÔ SANTO GRÃO
Você quer tomar café, almoçar ou paquerar? Encravado no point mais badalado dos Jardins, a conhecida Rua Oscar Freire, o lugar permite todas essas alternativas. Além do excelente café com blend próprio, há apetitosos pratos com toques orientais e gente bonita. A ambientação, de ares contemporâneos, conta com clarabóia de vidro na cobertura do terraço, e sofás e mesas de diferentes tamanhos nas outras duas salas. Gêneros musicais dos mais variados – MPB, jazz, blues e música clássica – ecoam das caixas de som e parecem agradar ao público eclético. Entre outras variedades, grãos do Quênia, Jamaica e Etiópia estão à venda no local ou pela internet.
O café de marca própria é torrado em enorme máquina instalada nos fundos |
R. Oscar Freire, 413, tel. (11) 3082-9969, São Paulo, SP; site www.santograo.com.br. De terça a sábado, das 9 h às 2 da manhã; às segundas, das 12 h às 2 da manhã; aos domingos, das 9 h à meia-noite.
SUPLICY CAFÉS ESPECIAIS
O descolado ambiente da loja da Alameda Lorena, primeira da rede, foi inspirado nas coffee houses européias. O projeto do escritório de arquitetura Kiko Salomão e a comunicação visual assinada pela artista plástica Pinky Wainer são repletos de soluções requintadas e criativas. O que mais chama atenção é, certamente, a máquina de torrar café, que, além de ser pink, tem 3 m de altura. Mas não pense que a peça é decorativa. Ela funciona e torra todos os grãos da bebiba servida na loja. No mesmo tom, o equipamento usado para fazer o expresso também sobressai. Já as máquinas domésticas, que custam de 720 reais a 5 900 reais, estão à venda expostas em prateleiras. Quem preferir, pode ficar apenas com o bom e tradicional expresso, extraído pela equipe de baristas coordenada por Priscila Souza, atual campeã brasileira da categoria. Ou, então, aproveitar para comprar grãos de várias origens, inclusive os da grife Suplicy, moídos na hora. A casa também serve delícias, como a clássica quiche “lorraine” e o muffin de laranja.
Tem utensílios que podem ser levados para casa. Máquina de expresso – 3.700 reais |
Al. Lorena, 1430, tel. (11) 3061-0195, São Paulo, SP; site www.suplicycafes.com.br. De segunda a sexta, das 8 h à meia-noite, exceto sexta, que fecha à 1 da manhã; aos sábados, das 9 h à 1 da manhã; aos domingos, das 9 h à meia-noite.
BUN CAFÉ
Fica dentro de um complexo parecido com uma vila européia – chamado Estação Gourmet -, que concentra uma filial da loja Suxxar, o Pellegrino Ristorante, a importadora de vinhos Grand Vin, a floricultura Marta Ferrari e mais três espaços de eventos. No aconchegante ambiente do Bun Café a madeira dá o tom, inclusive às paredes, também revestidas com o material. A carta de cafés tem nada menos que 17 drinques – a maioria feita com grãos produzidos na Fazenda Pessegueiro, na região da Mogiana (divisa de Minas e São Paulo). Todos criados por quem entende do riscado: Sílvia Magalhães, bicampeã do Concurso Brasileiro de Baristas e uma das sócias da cafeteria. Não deixe de provar o “névoa”, bebida quente com chocolate branco, leite vaporizado, café e chantilly. Outra boa opção é o chocolate quente, que vem com creme na borda da xícara. Entre as crêpes, aposte no mix de cogumelos com calda de papaia e no de nutela com calda de morango (foto). Amantes de charutos também são bem-vindos.
Av. Nova Faria Lima, 4433, tel. (11) 3044-4900, São Paulo, SP. De terça a sábado, das 9 h à 1 da manhã; domingos e segundas, das 11 às 17 h.
Teto retrátil durante o dia, à noite, luz de vela |
R. Gaivota, 1502, tel. (11) 5561-9552, www.revelateurs.com.br
CAFEERA
O tradicional expresso, longo ou curto, com ou sem chantilly, um cappuccino ou ainda um drinque picante de café com pimenta (isso mesmo!). Desde as opções mais convencionais até as misturas mais inusitadas são feitas com capricho no Cafeera. A cafeteria, uma das primeiras a ter na loja um barista, tem grãos com marca própria (foto), provenientes do Sul de Minas, com três tipos de blend: “confraria” (com sabor suave), “euro” (denso e cremoso) e “fazenda” (forte). Se for ao local quando a temperatura baixar, arrisque pedir o drinque “picante”. Feito com expresso, gotinhas de pimenta vermelha e creme tipo Chandelle, vale a pena experimentar. Seu paladar é mais adocicado e aprecia delícias regionais? Peça um bocado do bolo de rolo, tentação pernambucana.
Bolo de rolo com drinque: mistura expresso, creme de chocolate e pimenta vermelha |
R. Gomes de Carvalho, 1327, tel. (11) 5093-9058, São Paulo, SP; de segunda a sexta, das 8 às 20 h; aos sábados, das 8 às 16 h; fecha aos domingos. Vila Olímpia
CAFÉ DA PINACOTECA
Em frente à Praça da Luz, o Café possui mesinhas ao ar livre (um verdadeiro oásis no centro da cidade!) e, no ambiente fechado, móveis de madeira e couro assinados pelo arquiteto e designer Carlos Motta. Nos fins de semana o movimento aumenta, pois o público que sai da Pinacoteca do Estado geralmente vai conferir a boa fama do generoso cappuccino, servido em xícara de chá. “Aos sábados, quando está em cartaz uma exposição de peso, chegam a sair até 10 quilos de café”, garante o gerente da cafeteria, Fernando Grieco. Há boas opções de refeições leves, como o sanduíche Tarsila do Amaral (ciabatta, picanha defumada, queijo e folhas verdes), a salada Da Vinci (folhas verdes servidas com um pedaço de torta) e, para os dias de temperatura baixa, sopas fumegantes servidas no pão italiano. Até o dia 31 de julho expõe fotografias e desenhos do artista plástico paulistano Victor Ribeiro.
As mesas ao ar livre oferecem vista para o sossegado Jardim da Luz |
Praça da Luz, 2, tel. (11) 3326-1131, São Paulo, SP. Das 10 às 18 h (fecha às segundas)
CAFFÉ LATTE
Perto do edifício da Bolsa de Valores de São Paulo, no frenesi do centro da cidade, encontra-se essa simpática e moderninha cafeteria, com ambiente climatizado e bem iluminado. Enquanto se degusta o delicioso café, vê-se através de uma divisória de vidro a correria dos paulistanos pela estreita Rua do Comércio. Se você trabalha por ali, arranje um tempinho para conhecê-la. Os jornais do dia ficam à disposição dos clientes. As sopas de cebola, cappeletti in brodo e abóbora com gengibre são as boas promessas para este inverno.
O moderno Caffe Latte ocupa uma sala do séc. XIX no centro da cidade. |
R. do Comércio, 58, tel. (11) 3242-1700, São Paulo, SP. De segunda a sexta, das 8 às 20 h; quintas e sextas, das 8 às 22 h.
Opinião da repórter
“Depois de provar cafés de tão boa qualidade, nosso paladar fica mais apurado. A fotógrafa Rachel, seu assistente Renato e eu tínhamos vontade de passar horas a fio bebericando os expressos e os drinques de cada lugar visitado.” Da repórter Cláudia Nogueira, enviado para a diretora da Revista: “Não pense que a gente só tomou café, hein, Olga! Trabalhamos duro!”
Reportagem: Cláudia Nogueira
Fotos: Rachel Guedes
Matéria publicada na edição 142 – Julho/ 2005