La Niña deve estar ativo no inverno, isso aumenta o risco de geadas e pode trazer riscos à produção da safra 25/26
Por Carolinne Souza
O fenômeno El Niño, que iniciou em junho passado, está com os seus dias contados. É o que aponta o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos. O surgimento de primeiras áreas com águas mais frias no Pacífico Equatorial sinaliza o início de mudança de fase que deve levar a um evento de La Niña.
A transição entre o El Niño e o La Niña dessa vez deve ser rápida, com o El Niño já enfraquecido no mês de maio. Para o trimestre de inverno, de junho a agosto, as probabilidades são de 1% de El Niño, 37% neutralidade e 63% de La Niña.
Efeitos do El Niño no café
Temperaturas sem precedentes e chuvas irregulares dominaram as principais regiões produtoras de café do Brasil no último trimestre de 2023.
No caso do Espírito Santo, maior produtor de conilon do país, o calor acentuado tornou propício o aparecimento de uma nova espécie de cochonilha em lavouras do norte do estado.
La Niña em ciclos anteriores
Ao contrário do El Niño, o La Niña pode trazer temperaturas mais baixas para as regiões produtoras de café do Brasil. O fenômeno estava ativo no ciclo 21/22 e 22/23, o que gerou o agravamento das geadas.
Em entrevista cedida à Rede Mais, Natália Gandolphi, analista de Café hEDGEpoint Global Markets, reforçou que o impacto da produção está diretamente ligado à intensidade do fenômeno. No caso do Brasil, o La Niña deve estar ativo no inverno, isso aumenta o risco de geadas e traz riscos à produção da safra 25/26.
Vietnã e Indonésia
Ambos os países enfrentaram problemas climáticos em 2023, gerando um déficit de produção. Isso auxiliou para que conilon brasileiro estivesse mais ativo no mercado internacional.
Natália explica que o La Niña irá afetar as duas regiões de formas diferentes. No caso do Vietnã há uma correlação baixa entre a precipitação e o fenômeno.
Já a Indonésia estará no período de colheita, o que pode gerar um atraso devido às precipitações. A recuperação da produção mundial do robusta irá depender da intensidade do La Niña, se mais ameno, o mercado internacional demandará menos do Brasil.
Safra 24/25
Por conta do impacto do El Niño entre a metade de novembro e dezembro de 2023 a hEDGEpoint reduziu a previsão de safra de café do Brasil.
Em relatório, a empresa afirmou que a produção de café arábica deverá atingir 45,6 milhões de sacas, cerca de 2 milhões abaixo da projeção anterior.
A produção de robusta/conilon foi projetada em 21,85 milhões de sacas, corte de 1,43 milhão de sacas. A projeção ainda pode sofrer redução conforme a proximidade com a colheita.
Texto: Carolinne Souza/ Revista Cafeicultura
Fontes: https://metsul.com/comeca-o-processo-de-transicao-de-el-nino-para-la-nina/
https://www.youtube.com/watch?v=4z4ethmPeXo
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