Analisando dados diários de abril de 2008 a fevereiro de 2024, observa-se uma forte correlação positiva entre a arb NY-LN e o spread Ara-Con em USD/sc, influenciado pela dinâmica global de oferta e demanda de arábica e robusta. A correlação é mais fraca com o spread Ara-Con em BRL/sc devido às flutuações cambiais
Neste relatório, a hEDGEpoint Global Markets aprofunda na relação entre a arbitragem NY-LN e o spread local entre os preços do arábica e do conilon no Brasil.
“Primeiro, vamos entender as séries que serão utilizadas para esta análise: i) a arbitragem diária (ou diferença) entre os preços do arábica em NY e os preços do robusta em LN, em c/lb, e ii) o spread entre os preços de referência locais do arábica (tipo 6, SP/MG) e conilon (13Up, Vit-ES), tanto em BRL/sc quanto em USD/sc, divulgados pelo Cepea”, explica Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint.
“Primeiro, olhando para a distribuição diária usando dados de abril de 2008 a fevereiro de 2024, podemos observar que a arb NY-LN e o spread Ara-Con em USD/sc estão forte e positivamente correlacionados. Naturalmente, os S&D globais do arábica e do robusta terão impacto na arbitragem NY-LN, e essa dinâmica irá repercutir-se no maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil”, observa.
E prossegue: “Portanto, é lógico que as duas séries se correlacionarão bem. A correlação com o spread Ara-Con BRL/sc é menor, com o impacto da moeda brasileira afetando a relação (a correlação histórica entre NY-LN Arb e spread Ara-Con em USD/sc é de 0,95, enquanto para BRL/sc é 0,67)”.
Agora, é preciso analisar os desenvolvimentos do spread Ara-Con. Considerando dados de 2002 a 2024, o spread em USD/sc atingiu o pico em 2011, enquanto o spread BRL/saca atingiu o pico em 2022, apesar de ambos apresentarem padrões muito semelhantes. Atualmente, o spread USD/saca está 30% abaixo da média histórica (32 USD/saca vs. 46 USD/saca), enquanto o spread BRL/saca está 12% acima da média histórica (160 BRL/saca vs. 143 BRL/saca).
Segundo Natália, “isto sugere, portanto, que atualmente há mais incentivos para os compradores internacionais escolherem o arábica em vez do conilon (já que a diferença entre os dois em dólares por saca é inferior à média). No mercado interno, porém, a diferença entre os preços favorece o conilon, embora a diferença seja mais estreita e, portanto, mais sujeita a alterações”.
Agora que as séries utilizadas nesta análise foram compreendidas, bem como seus próprios padrões, vejamos seus resultados de correlação versus a arbitragem NY-LN.
Historicamente, o spread USD/sc tem uma correlação mais forte (conforme explicado anteriormente neste texto). Ainda assim, há dois momentos em que ambos perderam fortemente a correlação com o arb NY-LN. O primeiro momento foi em 2010, enquanto o segundo, mais substancial e que durou mais tempo, ocorreu entre 2016 e 2018.
“Isto aconteceu porque a arb NY-LN recebeu apoio, enquanto os spreads locais não seguiram o exemplo, devido à característica implícita observada no Brasil. Sendo este o maior produtor/exportador global, também um dos principais países em números de consumo: a decisão de exportar ou consumir um determinado tipo de café localmente é mais fluida do que em outras origens, que geralmente se concentram no arábica ou no robusta, também não têm uma classificação tão elevada quanto a do Brasil em termos de consumo”, pontua.
Em 2016, o Brasil e o Vietnã foram ambos afetados pelo fenômeno El Niño – embora os dois países tenham eventualmente recuperado, especialmente no ciclo 18/19, e especialmente o Brasil. Demorou para que a correlação entre o mercado local no Brasil e os preços internacionais voltasse aos níveis normais.
“Atualmente, com uma dinâmica muito mais fluida entre o que é exportado e o que é consumido internamente no Brasil, e a mesma expectativa de uma taxa de recuperação mais rápida para o Brasil em comparação com o Vietnã, surge a questão: até que ponto a correlação pode reduzir entre a arbitragem NY-LN e os spreads locais no Brasil?”, pondera.
Em última análise, dependerá fortemente da disponibilidade final do conilon no ciclo 24/25. As decisões combinadas – que se refletem nas exportações – estão vinculadas primeiro à disponibilidade total (produção + estoques) e, em segundo lugar, à dinâmica dos preços.
Neste ponto, o arábica parece ter sido menos afetado pelo El Niño quando comparado ao conilon, semelhante ao que aconteceu entre 14/15 e 16/17 (queda acumulada de 20% na produção de arábica, queda acumulada de 49% na produção de conilon), embora o impacto da quebra na colheita em si não é comparável.
Portanto, os ingredientes para uma menor correlação entre o mercado interno e externo no Brasil estão definidos, mas ainda é incerto se o mercado trará energia suficiente para a equação.
Acesse o relatório completo clicando aqui.
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber as principais notícias da Cafeicultura