ECONOMIA
06/06/2011
TATIANA NOTARO
A monocultura do café faz parte da tradição agrícola de Pernambuco desde o fim do século 19. Para incentivar o setor, o Sebrae Pernambuco está tocando um projeto para qualificar a produção e alinhá-la ao mercado que, somente aqui, movimenta R$ 8,5 milhões por ano. O Estado reserva 4,8 mil hectares para esse cultivo e 80% dele está concentrado nos municípios de Garanhuns, Taquaritinga do Norte, Jurema, Brejão, Saloá e Paranatama. Ainda assim, a produção local corresponde a apenas 10% de todo o café consumido no Estado.
De acordo com o gerente de Agronegócios do Sebrae Pernambuco, Alexandre Alves, o projeto prevê transformar o café pernambucano de simples commodity em produto especial, que atenda ao público que exige um café especial, goumert. “Pernambuco tem vocação para isso. Estamos falando de um produto que atende a diferentes consumidores e preços”, comentou. O projeto vai durar dois anos e os cafeicultores vão receber consultoria, capacitação para melhoria tecnológica e de gestão, palestras e seminários com especialistas. O Sebrae também vai fazer pesquisa com cafeterias da Região Metropolitana do Recife para apresentar a produção local e identificar oportunidades de negócios entre cafeicultores e empresários. Ainda no projeto, será realizado um estudo para implementação do selo de Indicação Geográfica para o café especial do Agreste de Pernambuco, que indica a origem do produto.
O projeto iniciou em janeiro, envolvendo 60 produtores dos seis municípios do Agreste. “Temos um mercado para isso. As cafeterias, por exemplo, exigem esse tipo de café especial, que hoje vem do Sudeste. Queremos ocupar esse espaço”, disse Alexandre Alves, explicando ainda que o tipo especial corresponde a 12% da produção total de café no País.
Alves explica que o café especial é aquele que tem tamanhos de grãos padronizados e sabor específico. A classificação internacional do café é de zero a dez e é considerado especial aquele que recebe nota acima de oito. Qualificando a produção, o café pernambucano tem potencial para atender ao mercado nacional. “Embora essa já tenha se revelado uma tendência de mercado, no Brasil, hoje, existem poucas iniciativas de produção do café especial em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e, mais recentemente, na Bahia”, comenta Alves. Inclusive, de acordo com o gerente, esse produto já está à disposição do consumidor doméstico. Segundo Alves, há duas empresas que tiveram pequenas experiências com exportações no Estado, mas ainda é algo inicial. “A Copa do Mundo será mais uma oportunidade para divulgação interna”, completou.