12/12/2006 04:12:04 –
O projeto “Propriedades físicas e geotécnicas de um Latossolo Vermelho-Amarelo cultivado com cafeeiro”, desenvolvido pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), no âmbito do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do café CBP&D/café, coordenado pela Embrapa café, tem chamado a atenção da classe acadêmica pela importância de suas contribuições para a sustentabilidade da cafeicultura.
A avaliação do impacto da mecanização na sustentabilidade do solo rendeu ao graduando de Engenharia Agrícola da Ufla, Carloeme Alves de Oliveira, o destaque 2006 no Prêmio Bunge Fertilizantes para Iniciação Científica. O trabalho, desenvolvido na Fazenda Experimental da Epamig em Patrocínio (MG), com recursos do CBP&D/café, foi orientado pelo coordenador do projeto e professor de Física do Solo, Moacir de Souza Dias Junior. Além desta premiação, o projeto foi tema de tese de doutorado, defendida na Ufla, por Gislene Aparecida dos Santos e também é objeto de estudo do mestrando Cezar Francisco Araújo Junior.
Impactos no solo
Minas Gerais é o maior estado produtor do Brasil, com mais de 50% da produção total, sendo grande parte do cultivo em solos originalmente sob vegetação de cerrado. Nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a cafeicultura tem se desenvolvido de forma destacada em razão da alta tecnologia aplicada, sendo mecanizada em todas as suas etapas, da fase de implantação à colheita, o que induz à necessidade da utilização de máquinas e implementos agrícolas durante todo o ciclo da cultura.
O uso intensivo da mecanização em lavouras cafeeiras tem-se tornado preocupante devido à possibilidade de compactação do solo ao longo dos anos, o que pode levar a uma redução da produtividade. O monitoramento das propriedades físicas do solo e o desenvolvimento e uso dos modelos de capacidade de suporte de carga possibilita a identificação dos sistemas de manejo de plantas daninhas mais resistentes ou suscetíveis à compactação e permite o planejamento das atividades mecanizadas, visando evitar ou minimizar a compactação dos solos.
Vários são os efeitos que a compactação do solo pode causar às plantas: demora na emergência, diminuição no tamanho, presença de folhas com coloração não característica, sistema radicular superficial e raízes mal formadas. No solo, a compactação ocasiona aumento da sua densidade e da resistência mecânica; diminuição na porosidade total, no tamanho e continuidade dos poros; redução na absorção de nutriente, infiltração e redistribuição de água; redução da condutividade hidráulica; redução das trocas gasosas e aumento da capacidade suporte de carga do solo.
Controle do mato
Segundo Dias Junior, o controle do mato é um aspecto importante a ser considerado durante o ciclo do cafeeiro, que deve ser considerado não apenas para a obtenção de altos índices de produtividade, mas também no sentido de preservar o solo e prolongar a vida útil dos cafeeiros. As operações mecânicas recomendadas para a eliminação das plantas daninhas podem ser feitas através de capina mecânica, com grade de discos, enxada rotativa ou roçadeira, associadas ao uso de herbicidas ou não.
O projeto, ainda em desenvolvimento, avalia como os manejos das plantas daninhas afetam a capacidade de suporte de carga dos solos e a sua suscetibilidade à compactação, contribuindo para a decisão do produtor sobre a utilização de um ou outro sistema de manejo.
O gerente geral do Programa café da Epamig, Paulo Tácito Gontijo Guimarães, coordenador de uma linha de pesquisa dentro projeto, explica que o solo, por meio de suas propriedades físicas, influencia diretamente o desenvolvimento das plantas, com reflexos no aproveitamento de água, no desenvolvimento de raízes, na vida microbiana e eficiência de adubos, fertilizantes e defensivos, o que determina as condições de produtividade da cultura.
Primeiras avaliações
Resultados preliminares do ensaio instalado na Fazenda Experimental da Epamig, em Patrocínio, Cerrado Mineiro, chamam a atenção dos pesquisadores. Na primeira avaliação sobre a linha de tráfego, em profundidade de 0-3 cm, o manejo de plantas daninhas que tornou o solo mais suscetível à compactação foi o realizado com a enxada rotativa, que também promoveu maior compactação nas demais profundidades, assim como o manejo realizado com a grade de discos.
Nas entrelinhas de plantio, na profundidade 0-3 cm, o manejo de plantas daninhas que tornou o solo mais suscetível à compactação foi o realizado com a grade de discos, enquanto que nas demais profundidades os manejos que promoveram maior compactação do solo foram os realizados com a enxada rotativa e com a roçacarpa. Assim, a enxada rotativa, a grade e roçacarpa são equipamentos não recomendáveis para o manejo sustentável da lavoura de café.
Fonte: Embrapa café / Cibele Aguiar