Projeção dos EUA prejudica preços internacionais do café

21 de novembro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: DCI

SÃO PAULO – A perspectiva de preços no primeiro semestre de 2009 para as duas variedades de café produzidas no Brasil deve seguir tendências distintas. Enquanto o produtor de arábica se preocupa com a estimativa da produção brasileira divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) nesta semana, já prevendo problemas na formação de preços da commodity, os produtores de conilon (robusta) esperam um aumento da receita, impulsionado pela recomposição de estoques por parte das torrefadoras.


A diferença apresentada pela projeção do USDA (51,1 milhões de sacas), em relação à da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – de 45,8 milhões de sacas – que é de 5,2 milhões de sacas, corresponde à colheita do quinto maior produtor de café do mundo.


Com os fundamentos do mercado de café apresentando um tênue equilíbrio, a reação dos cafeicultores foi imediata após o USDA apontar uma produção de café no País 11,45% acima do número apontado no último levantamento apurado pela Conab.


O Conselho Nacional do Café (CNC), solicitou ontem publicamente que o órgão governamental norte-americano apresente a metodologia da sua apuração de safra. “Isso se faz necessário para que sejam evitados novos prejuízos especulativos ao setor produtivo da cafeicultura brasileira, o qual vivencia sucessivas crises em sua economia”, afirma Gilson Ximenes, presidente do CNC.


Para ele, os dados podem prejudicar as cotações a serem pagas aos cafeicultores, já que a bolsa nova-iorquina serve como referencial aos preços praticados no mercado interno. “Como a ação dos fundos de investimento nas bolsas internacionais – principalmente em Nova York no que se refere ao café arábica – tem peso significante e decisivo no desempenho dos contratos futuros – a previsão do USDA certamente interferirá de modo negativo, uma vez que sugere um excedente de café no balanço entre oferta e demanda mundiais”, afirma o presidente do CNC.


Sem serem afetados pela polêmica das estatísticas, os produtores de conilon aguardam mais um ano de boas vendas. A produção brasileira deverá recuar no próximo ano, quando a variedade passará pela baixa do ciclo da planta, normalmente de 2 anos. Isso deve equilibrar o mercado com a retomada das exportações do Vietnã, principal produtor mundial da variedade, e que deve apresentar elevação de 17% na safra 2008/2009, para 21,5 milhões de sacas, segundo dados do USDA.


Os produtores de conilon contarão ainda com um incentivo a mais: a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex) assinaram um convênio no valor de R$ 25 milhões com o objetivo de incrementar as exportações do café torrado e moído do Brasil.


O anúncio foi feito durante a abertura do 16º Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé). “A tecnologia de produção evolui possibilitando a oferta de produtos de qualidade a preços acessíveis. Portanto, está mantido o objetivo de industrializarmos 21 milhões de sacas no ano de 2010”, afirmou Almir José da Silva Filho, presidente da Abic, durante a abertura do evento.


De janeiro a outubro de 2008, a receita com as exportações brasileiras de café torrado e moído registraram um aumento de 67,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando US$ 34,2 milhões. Em volume o crescimento foi de 49%.


Tendências de consumo O mercado brasileiro apresentou um crescimento no consumo de café da ordem de 5%, impulsionado principalmente pelo crescimento do consumo na Classe C. O dado faz parte da sexta edição da pesquisa “Tendências do Consumo de Café no Brasil”, realizado pela Ivani Rossi, diretora de planejamento da InterScience.


Segundo Ivani, o estudo permitiu identificar um mercado bastante maduro e aberto a lançamentos e inovações em termos de tipos de produtos, tipos de embalagens, formas de preparo e forma de consumo.


“Aumentou significativamente o índice de consumidores com hábitos de tomar café fora de casa, com certeza, reflexo das inúmeras opções de locais agradáveis. E aumentou relativamente a intensidade de consumo”, disse.


Priscila Machado
 

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