fonte: Cepea

Produtos orgânicos e natureza têm defensores no primeiro dia de reunião

Por: 30/10/2008 14:10:08 - O Documento

Inclusão dos produtos orgânicos na cadeia do agronegócio e mais respeito com a natureza. Esses dois temas ganharam a promessa de defesa irrestrita durante as etapas de discussão do Zoneamento Socioeconômico Ecológico de Mato Grosso e o modelo de desenvolvimento sustentado a ser implantado na Região de Planejamento VIII. Ela tem como pólo o município de Tangará da Serra e inclui Barra do Bugres, Denise, Nova Olímpia, Porto Estrela, Santo Afonso, Brasnorte e Campo Novo do Parecis.


A grande biodiversidade da região – de potencial explorado pelo agronegócio e a fragilidade de boa parte do seu solo e da maior bacia hidrográfica de água potável do mundo, fizeram o secretário de Planejamento de Tangará, Moacir Coppola, propor a inclusão de produtos orgânicos na exploração dos negócios.


“Sabemos que já existem inúmeras tecnologias e é possível essa interação sem prejuízos para a produção agrícola. Da mesma forma, não serão afetados o meio ambiente, a formação das bacias, das nascentes e a fauna”, disse o secretário mostrando a possibilidade da coexistência entre essas atividades.


Coppola também chamou a atenção para a existência – em larga escala – da produção orgânica em Tangará. “Aqui, temos solos orgânicos, a criação do boi orgânico, o café orgânico e frangos orgânicos, entre outros produtos do gênero. São atividades socioeconômicas com exploração de valor”, concluiu. Na abertura do encontro, ele representou o prefeito local, Júlio César Ladeia.


Em outro momento do evento, integrantes das comunidades indígenas Umutina e Paresi alertaram para a possível prática predatória entre supostos grupos de produtores e latifundiários.


Pra o cacique Umutina, Luiz Fernando Kalomizé, e dois porta-vozes da sua comunidade – Luciano e Vanildo Ariabô – é real e urgente a necessidade de se tornar mais eficaz o controle da preservação dos Rios Bugres e Paraguai, e das matas ciliares em suas margens.


“Essa é a única forma eficaz de garantir a preservação não só desses, mas de todos os rios que fazem parte do ecossistema em Mato Grosso. Nosso foco principal também é a água, maior responsável pela continuidade da espécie humana”, salientou Kalomizé.


Eles ainda pretendem mostrar e debater a realidade que existe entre os povos indígenas de Mato Grosso e os produtores. A perspectiva dos Umutina é que os dois segmentos sejam beneficiados ao invés de sofrerem prejuízos, e possam “conviver com bom senso e harmonia em suas respectivas áreas”.


Os rios Bugres e Paraguai circundam as terras desse grupo indígena e geram para ele estabilidade na pesca de sobrevivência e na produção da subsistência. “As matas ciliares que, por lei, deveriam estar intactas nas margens dos rios já não existem mais por conta da ação dos fazendeiros”, denunciaram.


Também preocupada com a ação predatória no meio ambiente, a comunidade Paresi alerta para dois pontos considerados estratégicos pelos povos indígenas e vai apresentar propostas sobre eles para o projeto de zoneamento: a proteção das cabeceiras dos rios que estão dentro das fazendas e o ordenamento das lavouras existentes nas proximidades dos rios.


“Todos nós sabemos que a fonte da sobrevivência da espécie humana é a água. É preciso que haja respeito e o cumprimento à legislação, principalmente quanto à distância determinada para a preservação das margens dos nossos rios (do estado)”, disse o representante dos Paresi, Pedro Nazokemai.


Além das terras dos Umutina e dos Paresi, a Região de Planejamento VIII de Mato Grosso também abriga as áreas dos Menku, Manoki, Tirecatinga e Utiariti. Também há as Terras Indígenas do Rio Formoso, Juininha, Estivadinho e Figueiras.


A abertura do encontro, pela manhã, também contou com a presença de representantes da Assembléia Legislativa, do governo do estado, do Ministério do Meio Ambiente, do prefeito de Denise – Israel Antunes, e de setores produtivos da região. À tarde, os grupos técnicos fizeram a primeira reunião de trabalho.
 

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