Arruação é utilizada para limpar a plantação no período que antecede a colheita.
Máquinas iniciam processo de arruação nas fazendas do Sul de Minas (Foto: Douglas Freitas Santos)
Com a aproximação da coleta da safra 2018, proprietários de fazendas de café se preparam para o início da colheita que acontece em maio. Nesta época, as plantações são limpas e todo entulho acumulado no terreno é retirado para que os grãos não sejam perdidos ao caírem no chão durante a colheita. Na pré-colheita, os produtores deixam a rua limpa para passagem da máquina, dos lavradores e para valorizar os grãos.
Segundo o Engenheiro Agrônomo da Cooperativa Agrária de Machado (Coopama), José Pinheiro Lourenço, o manejo bem feito pode ajudar, e muito, na hora da panha do café. “A arruação é a prática de retirar da copa do cafeeiro todas as impurezas que foram acumuladas após a última safra. Normalmente esses resíduos são torrões, folhas velhas, restos de ramos provenientes de podas e desbrotas, plantas daninhas vivas e as de capinas anteriores, as pequenas mudas de café chamadas orelhas de onça e principalmente os frutos residuais da safra anterior”.
A arruação na propriedade do Warney Penha, em Machado (MG), começou há dez dias e deve terminar até o final do mês, próximo ao período da colheita. De acordo com o Engenheiro Agrônomo que administra a propriedade, Eduardo Carlos Bissego, 435 hectares estão passando pelo processo. “Demoramos pouco mais de uma hora por hectare para fazer a arruação. É um trabalho demorado, mas que oferece agilidade na colheita, o que acaba compensando muito”.
Manual, mecânica e química
Na propriedade de Warney são utilizadas as arruações manual, cuja limpeza é feita por lavradores, e mecânica, com ajuda de máquinas. Além delas, existe também a química, que faz o uso de herbicida. José Pinheiro Lourenço explica que a utilização de trabalho braçal para executar essa tarefa está restrita às pequenas propriedades. “Isso demanda muitos operários com custo alto e baixo rendimento. A atividade é feita, principalmente, por meio de rastelos e enxadas”.
Na Fazenda Iracema, também em Machado, os maquinários são facilmente encontrados auxiliando na arruação. São tratores e máquinas agrícolas que usam o sistema que sopra a folha e a sujeira que está na saia da planta. Com as lâminas, a máquina roça superficialmente para depois entrar a capina.
Mas neste ano a arruação na plantação está modificada. É que o Douglas Freitas Santos, responsável pelo setor administrativo, comprovou que ao retirar a sujeira e deixar apenas folhas no terreno, proporciona benefícios ao grão. “As folhas dão melhor qualidade ao café quando ele cai sobre elas em comparação de quando ele cai na terra. Mesmo que limpa, as folhas ainda proporcionam um aspecto benéfico aos grãos”.
Dessa forma, 70 hectares de um total de 277 hectares da propriedade estão sendo arruados. Toda sujeira, entulhos e podas são retirados para que a máquina não tenha dificuldade em recolher o café durante a colheita. “Essa sujeira interfere na varrição que será feita mais para frente, então tiramos tudo”.
Ainda assim produtores encontram os desafios de fazer uma boa arruação. José Pinheiro explica que tanto a mecanizada quanto a manual devem ser feitas de maneira correta. “A arruação quando feita de maneira mecanizada encontra como principal desafio a correta operação do maquinário de tal maneira que seja feita uma boa retirada de resíduos sem prejudicar o sistema do cafeeiro, que é bastante superficial. A arruação manual padece da falta de mão de obra e a pouca existente é de rendimento muito baixo”.
Arruação e qualidade
O Engenheiro Agrônomo afirma ainda que a arruação possui impacto, principalmente, nos frutos caídos antes do início da colheita e dos que caem durante esta operação. “A qualidade tem importância secundária nesse trabalho porque os frutos recolhidos no chão, chamados café de varrição, dificilmente resultam em bebida e tipo de boa qualidade. Por isso é importantíssimo evitar a colheita por derriça no chão, operação praticamente inexistente na nossa região”.
Com a pré-colheita iniciada na região, a safra promete ser positiva, principalmente devido ao ano de bienalidade. E é exatamente isso que os produtores esperam e já comemoram. “Esse deve ser um ano de alta e de elevação no café colhido”.
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