PRODUTORES PODEM OBTER LUCROS DE 1100% EM CONCURSOS DE CAFÉS
José Lopes
Além de agregar visibilidade e valor a produtos vencedores, os concursos de cafés especiais – os chamados “cafés gourmets” – podem render lucros de até 1100% para os produtores. A dica é do cafeicultor Michael Alcântara, sócio da Fazenda Divino Espírito Santo e do Café Gourmet Piatã, presente ao 13º Agrocafé, que aconteceu ontem e hoje em Salvador e que fala com a autoridade de quem já venceu o 10º Concurso Nacional da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, em 2009), por duas vezes o concurso da Abic (2006 e 2007) e oito vezes o campeonato baiano disputado sempre no mês de outubro, em Vitória da Conquista.
Alcântara explica que os concursos de cafés especiais trabalham com pequenos lotes, geralmente de até 20 sacas, e as premiações podem alcançar preços 1100% acima do valor normal de mercado da saca de café especial, atualmente em torno de R$ 400. Para o café ser considerado do tipo gourmet ele deve ser 100% do tipo arábica e ter grãos de peneira 16, com tamanho e peso que reúnem os atributos sensoriais de sabor e aroma apreciados pelos especialistas.
“Os concursos são o único jeito do pequeno produtor agregar valor ao seu produto. Já recebemos premiações que variam de R$ 1,7 mil a R$ 4,4 mil a saca. Para um pequeno produtor, isso faz uma grande diferença. Foi com esses prêmios que pudemos investir na expansão da lavoura e na compra de equipamentos para torrefação e moagem do café”, explica o cafeicultor, que também exerce o cargo de diretor de Expansão Econômica da Prefeitura Municipal de Piatã.
Segundo ele, os processos de torrefação e moagem agregam até 70% ao valor de mercado do produto, que hoje pode ser encontrado em cafeterias e delicatessens de Salvador em embalagens de café torrado e moído de 250 gramas (R$ 7) e em grãos de 500 gramas (R$ 15).
Também presente ao evento, o prefeito de Piatã, Alencar Julião (PSD), informa que o município possui cerca de 220 cafeicultores, sendo que 90% deles são considerados agricultores familiares. Além de dinamizar a economia da cidade, ele afirma que as premiações deram visibilidade ao município, localizado na Chapada Diamantina e que há 50 anos produz café em altitudes que variam de 1.200 a 1.400 metros acima do nível do mar, altitude considerada ideal para a produção de cafés especiais.
Nicho de mercado – Presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo explica que apesar de o mercado do café estar globalizado e estar cerca de 50% dominado pelos grandes produtores, o mercado de cafés especiais é um nicho que pode e deve ser explorado pelos pequenos produtores. “Todos os dias recebo ligações de gente do mundo inteiro querendo saber onde podem comprar um bom café. Indico sempre os nossos produtores e eles têm criado uma clientela cativa. Quando eles (produtores) percebem o crescimento, já estão garantindo o sustento da família o ano inteiro”, comemora Araújo.
Para agregar ainda mais valor ao produto, ele orienta os pequenos cafeicultores a procurarem o apoio de parceiros como o Sebrae e instituições bancárias como o Banco do Nordeste para viabilizar, respectivamente, projetos e linhas de crédito para aquisição de torrefadoras e passando, assim, a constituir pequenas agroindústrias.
Na avaliação de Araújo, o 13º Agrocafé cumpriu seu objetivo de mobilizar e compartilhar informações com os cafeicultores das diversas regiões produtoras do País e de sensibilizar parceiros como o Ministério da Agricultura, Sebrae e Governo da Bahia para a importância da realização do evento. Ele informou que nos próximos dias será divulgado o documento que propõe um projeto para a cafeicultura brasileira, que será entregue aos governos e também passará a orientar as ações dos produtores.
“Aproveito para convidar a todos para o 14º Agrocafé, que acontecerá aqui em Salvador, que iniciará no dia 11 de março de 2013 e deverá dedicar um dia exclusivamente para tratar da agricultura familiar”, comunicou.
Próximos eventos do segmento café em 2012:
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