07/08/15
Em vista do menor volume de recursos para este segmento pelo Plano Safra, quem não adiantar a solicitação corre o risco de não conseguir o benefício
São Paulo – A redução de R$ 700 milhões para R$ 668 milhões no aporte destinado ao seguro rural pelo Plano Safra 2015/ 2016, na variação anual, e os problemas com os pagamentos remanescentes da última temporada devem deixar o produtor em alerta para uma possível insuficiência de recursos.
Corretoras já orientam os produtores sobre essa hipótese, para que adiantem as solicitações, pois o governo utilizará R$ 300 milhões do plano do Ministério da Agricultura para o setor este ano para quitar a subvenção do prêmio de apólices de 2014.
“Os custos na lavoura aumentaram cerca de 30%. Se o agricultor tiver uma frustração de safra o tombo vai ser muito grande e difícil de recuperar”, afirma o diretor executivo da Tovese Corretora, Otávio Simch. Diante disso, a orientação é que o produtor garanta a cobertura neste ano.
Na avaliação do executivo, a demanda no País por seguro agrícola chega a 40%, mas a estimativa é que o crescimento real seja muito pequeno na safra 2015/2016 e ainda podem faltar recursos.
Soja
De acordo com a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), houve uma elevação média de 15% nos custos de produção da oleaginosa.
Simch lembra que a soja que, no ano passado, utilizou R$ 260 milhões e, para 2015, foram designados apenas R$ 100 milhões à cultura, sendo R$ 60 milhões para agosto e R$ 40 milhões para setembro. Para a federação paranaense, a mudança na faixa mínima de cobertura de entre 50% e 55% para 60% da produtividade estipulada pela seguradora é mais um agente complicador do sistema de seguro vigente.
Sendo assim, na visão do setor, seria necessário um crédito suplementar ao orçamento aprovado. “Caso essa medida não seja adotada, apenas 25% dos produtores que realizaram seguro agrícola de soja em 2014 terão acesso a essa ferramenta de mitigação de riscos em 2015”, afirma o presidente da Faep, Ágide Meneguette.
Entretanto, o governo federal já deixou claro que não haverá incremento ao recurso ofertado. Na última segunda-feira, o secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, disse que será anunciado apenas um novo formato do seguro para a oleaginosa.
“O dinheiro público será usado de forma mais eficiente, ampliando o programa de seguro rural. Teremos uma grande mudança, que irá dar ainda mais credibilidade e previsibilidade para o Brasil”, afirmou ao participar do Congresso Brasileiro do Agronegócio.
Para a nova modalidade, os produtores serão chamados a apresentar suas propostas. O ministério informou ao DCI, por meio da assessoria de imprensa, que já houve uma reunião nesta semana sobre o tema e a comissão terá mais um encontro na próxima quarta-feira (12), antes da apresentação oficial do projeto.
“Estamos com 14,1% da área plantada coberta por seguro privado, temos que crescer muito nesse percentual para diluir o risco”, enfatiza o diretor da Tovese. Para ele, utilizar seguro há menos de 10 anos afeta o setor.
Nayara Figueiredo