Após um período de estiagem, que castigou as plantações, a chuva que chegou
ao Espírito Santo em novembro trouxe esperança para as lavouras. Produtores de
café arábica estão aproveitando o momento para tentar recuperar os pés de café e
garantir uma boa safra no ano que vem.
A produtora Andréa Vivácqua cortou os pés de café arábica de cerca de 30% das
lavouras que tem em Brejetuba, para renovar a plantação. Segundo ela, eram pés
mais antigos e com baixa produtividade.
“Nós temos o controle anual da produtividade de cada lavoura, cada talhão,
tudo é registrado. E com isso, a gente começa a perceber quando essa
produtividade começa a cair dentro dos talhões. E aí é hora avaliar, de renovar
a lavoura para poder voltar o pico de produção que ela tem capacidade”,
disse.
Mas, de acordo com o extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa,
Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Fabiano Tristão, é preciso
avaliar bem a lavoura antes de cortá-la. Isso, porque o produtor vai ficar um
ano sem colher.
“Depois de um ano de safra alta e déficit hídrico, o produtor tem que ter
bastante cautela, ele precisa fazer um bom planejamento de recuperação da suas
lavouras. O primeiro passo é fazer um diagnóstico dos seus talhões de café, e
ver quais precisam fazer uma renovação, que são aquelas lavouras com mais de dez
anos, aquelas que perderam muitas folhas. Uma prática interessante é a da
recepa, onde ele vai cortar o tronco do café e esse café vai rebrotar. Daqui a
dois anos a lavoura vai estar produzindo café novamente”, explicou Fabiano.
Andréa conta que o procedimento não é barato, mas que vale a pena. “Demanda
muita mão de obra, principalmente no primeiro ano. A gente só consegue ter uma
produção a partir do segundo, que vai repor um pouco desse investimento. Mas no
ciclo da lavoura é muito viável, porque ela volta a ter aquela produção mais
alta num período mais curto, a qualidade do café melhora bastante também”,
explicou.
O Espírito Santo produziu este ano 3,7 milhões de sacas de café arábica,
quase 30% a mais que ano passado, o que surpreendeu os produtores. Mas para o
ano que vem, eles não esperam muito casa.
“A lavoura passou um período muito grande de estresse hídrico na época que
estava crescendo o café. A gente tem agora esse período de chuva para se
recuperar. Vamos ver se vai dar tempo de vir floração boa, para ter
produtividade boa para o ano que vem, mas muita lavoura sentiu muito essa falta
de chuva”, disse Andréa.
O produtor Carlos Francisco de Souza estima uma queda de 80% em algumas
lavouras. Os pés sentiram muito a falta da chuva. Produziram bem esse ano, mas
não tiveram água suficiente para segurar as folhas e ter a florada.
“Ela secou as varas, está começando a brotar agora. Para esse ano que vem,
uma lavoura dessa aqui é 80% a menos. O que produziu ano passado é 80% a menos,
já era para ter dado a florada”, lamentou.
Mas o extensionista do Incaper garante que dá para recuperar a lavoura nessa
situação. “É uma lavoura nova, que desfolhou devido à seca. O que tem que fazer
agora é voltar a fazer a nutrição adequada, fazer uma desbrota, tirar esses
ramos secos, e conduzir o broto que vem de baixo, que vai conseguir recuperar
essa área onde secou o ramo do café. Com um ano consegue recuperar”, explicou
Fabiano.
Corte dos pés de café para renovação é conhecido como recepa (Foto:
Reprodução/ TV Gazeta)
Corte dos pés de café para renovação é conhecido como
recepa (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Fonte: G1 ES e TV Gazeta (Por Fabíola de Paula)