16/12/2013
Pequenos cafeicultores de Apuí, município localizado na região sul do Amazonas, estão ganhando um reforço para fortalecer a cadeia produtiva do café agroecológico como alternativa sustentável de geração de renda para conter o desmatamento no município, assim como para aumentar a produtividade e a qualidade do café produzido. Trata-se de uma parceria entre o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) e a unidade de Rondônia da Embrapa que está levando tecnologias e inovação a estes produtores.
Atualmente, dois terços da produção de café do Amazonas está em Apuí. São 1,6 mil hectares de café no Estado, sendo mil no município. Por outro lado, é o terceiro município mais desmatado do Amazonas (atrás de Lábrea e Boca do Acre). O desmatamento no local é associado em grande parte à produção pecuária extensiva: muitas áreas de florestas são destruídas e convertidas em pastagens de baixa produtividade, que seguem um ciclo de contínua expansão em novas propriedades.
De acordo com o Idesam, desenvolver a economia do município de forma integrada é essencial na luta contra o desmatamento. A produção de café já teve forte contribuição para a economia de Apuí, mas vem sendo abandonada sucessivamente devido à falta de incentivos e assistência técnica e dificuldades na comercialização. Atualmente são apenas 200 produtores de café ativos no município; a produção alcançou a média de 4.960 sacas anuais entre 2008 e 2012, o que significa uma média de cinco sacas por hectare, muito aquém do potencial de Apuí.
De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Samuel Oliveira, o Idesam buscou amparo tecnológico da Embrapa, principalmente, pela repercussão que teve o lançamento da cultivar de café conilon BRS Ouro Preto.
– A Embrapa, como um órgão gerador de tecnologia e soluções para a agricultura brasileira, tem que estar presente onde há a necessidade, e o município de Apuí é interessante, pois é o único do estado do Amazonas que foi criado a partir de um projeto de assentamento e sua economia gira em torno da agricultura familiar. Os pequenos produtores de Apuí estão se dedicando à cafeicultura e demandam por tecnologias para aumentar a geração de emprego, renda e competitividade para a região e a Embrapa está oferecendo esse suporte tecnológico – explica Oliveira.
BRS Ouro Preto
A BRS Ouro Preto é a primeira cultivar de café da Embrapa no Brasil e é recomendada para Rondônia. A variedade tem potencial para aumentar a produtividade da cafeicultura no Estado e poderá ter sua recomendação estendida para outras regiões da Amazônia. Para se ter uma ideia, a produtividade média do café em Rondônia é de 11 sacas por hectare, já a da Conilon BRS Ouro Preto é de 70 sacas por hectare.
– Serão implantadas três Unidades de Observação da BRS Ouro Preto em Apuí e, durante três anos, a cultivar será avaliada quanto ao seu desempenho na região, para que possa ser feito o cultivo em larga escala e para que a BRS Ouro Preto possa ser recomendada para a região – informa Samuel Oliveira.
O preço dos insumos pagos em Apuí são muito altos, devido à distância e às condições da estrada. O desafio, portanto, é otimizar o uso dos insumos, aumentar a produção e aumentar também a renda do produtor. Além disso, a parceria inclui também a capacitação de técnicos do Idesam e demais produtores mais tecnificados.
Segundo o engenheiro agrônomo Vinícius Figueiredo, pesquisador do Projeto Café, a expectativa com a implementação do BRS Ouro Preto é conseguir validar a produção de mudas clonais para o município de Apuí.
– Também queremos conhecer como será a adaptação dos clones ao manejo agroecológico que utilizamos com os produtores do grupo, pois dentre as três unidades de observação teremos uma que será manejada com práticas de adubação verde, biofertilizante e consórcio com espécies florestais – conclui.
Fonte: Embrapa via Rede Social do Café