22/06/2013
Produtores discutem Plano de Desenvolvimento Rural
Conferência realizada ontem no Iapar reuniu propostas para atenuar o êxodo rural e fomentar emprego e renda no campo
A 6ª Conferência Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, realizada ontem pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Londrina, na sede do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), debateu formas de atenuar o êxodo rural e de fomentar o emprego e a renda no campo através da oferta de crédito. Além disso, foram discutidas a melhoria da assistência técnica, o cooperativismo, treinamentos, entre outros assuntos que permearam o tema “Por um Brasil e Paraná Rural com Gente do Jeito que a Gente quer”.
Alguns produtores que estiveram no Iapar elencaram os problemas que enfrentam no dia a dia ao exercer a atividade agropecuária. Dentre as principais queixas, estão as más condições das estradas rurais e a falta de planos municipais para fomentar a produção em pequenas áreas.
O produtor de trigo e soja da região de Guairacá Élvis Romero comentou que a localidade onde mora, apesar de próxima a Londrina, parece esquecida pelo poder público. “Estamos parados no tempo, sem infraestrutura para trabalhar. Na época da chuva, fica praticamente impossível a logística para a entrega de alimentos. Estava pensando em construir uma pequena granja, mas é inviável com as estradas rurais que temos por lá. Vim até a conferência para expor meus problemas.”
Já Ernane Junior Pimenta, de Lerrovile, tem gado de leite, soja e café em sua propriedade de 8,5 hectares. “Existem muitos produtores pequenos, de 2 a 3 alqueires, que estão deixando a zona rural e indo para a cidade. Nós precisamos de atenção, projetos que foquem neste tipo de produtor, o que inclui uma assistência técnica de qualidade para nos ajudar.” As sugestões dos produtores serão levadas a Brasília e poderão ser utilizadas na elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural.
O pesquisador da Embrapa Décio Luiz Gazzoni salientou que é preciso que os produtos comercializados por estes pequenos produtores sejam de alto valor agregado, como frutas, hortaliças, plantas ornamentais, pesca, queijos. “Não basta existir a política pública, é necessário operacionalizá-la para que atenda o pequeno produtor”, destacou.
Durante a conferência, foi lembrado que no último mandato de Londrina, as compras através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) representavam apenas 17%, quando por lei são exigidos pelo menos 30%. “Faltou fazer todo este encadeamento do produtor até a escola. Além disso, para o produtor ganhar é preciso diminuir a intermediação. Em Curitiba, temos um exemplo excelente, o Armazém da Família, um canal de comercialização direto do produtor com o consumidor, numa relação em que todos ganham”, completou Gazzoni.
Para o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, o planejamento é essencial para gerar projetos executáveis para o meio rural. “Vamos aguardar a elaboração dos projetos e executá-los com todo o respeito que é cabível aos moradores da zona rural. Não podemos inventar a roda, temos que partir de políticas já estabelecidas. Eu não tenho dúvida que temos equipamentos como a Ceasa, fundamental para a comercialização agrícola, mas ainda não temos uma política municipal de agricultura alinhada com o objetivo de que os produtores comercializem na central, agregando valor aos seus produtos e aumentando suas oportunidades”, declarou Kireeff.
Victor Lopes
Reportagem Local