29/05/2009 – Neste ano de safra baixa na lavoura de café, alguns produtores resolveram investir no produto orgânico. Em Poço Fundo, no Sul de Minas Gerais, 160 produtores de café orgânico que fazem parte da Cooperativa de Agricultores Familiares de Poço Fundo (Coopfam) devem colher nesta safra 6,5 mil sacas, 500 a menos que em 2008.
Diferentemente do café convencional, a produção orgânica não sofre o impacto da bienualidade, ou seja, alterações bruscas de produção entre um ano de alta e outro de baixa. A explicação para que a quantidade produzida no sistema orgânico seja praticamente a mesma todos os anos está relacionada ao tipo de manejo da lavoura.
Com o café orgânico e certificado, cada saca deve ser vendida por pelo menos R$ 520. De acordo com Luis Adalto, cooperado da Coopfam, os produtores do município utilizam todos os adubos orgânicos permitidos pelas certificadoras.
Benefícios da adubação orgânica
Mesmo exigindo mais mão-de-obra para aplicação, o custo da fertilização orgânica é, geralmente, inferior ao da fertilização química. Isso depende, é claro, da disponibilidade e do preço dos materiais orgânicos na região. A fertilização orgânica estimula o uso de biomassa e de outros materiais orgânicos gerados na unidade produtiva, ampliando a independência do agricultor na gestão dos recursos necessários à produção.
Associada a outras práticas de manejo, a fertilização orgânica melhora a estrutura física dos solos, estimula a atividade biológica e facilita a absorção de nutrientes pelas plantas. Se aplicada adequadamente, reduz eventuais impactos ambientais que podem ser gerados pela fertilização química e gera alimentos de melhor qualidade nutricional.
A fertilização orgânica tende a ampliar a porosidade dos solos. Consequentemente, a absorção de água e de nutrientes tende a aumentar. Além disso, os sistemas radiculares das plantas encontram mais facilidade para se desenvolver e as raízes podem atingir camadas mais profundas do solo. Os solos mais porosos, menos compactados, também favorecem a circulação de ar. Este fator, somado ao aumento da circulação de água e nutrientes, favorece a multiplicação de organismos vivos nos solos.
Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Mazzaferro, doutor em ciência ambiental, os solos mais porosos também contribuem para a redução dos processos erosivos. Nos solos compactados, boa parte da água das chuvas ou proveniente da irrigação não é absorvida, e ao escorrer leva consigo a camada superficial do solo e uma série de nutrientes. A frequente ausência de curvas-de-nível ou “camaleões” em terrenos em declive e a manutenção dos solos “limpos” ou descobertos, complementam os fatores que favorecem os processos erosivos, principalmente nos trópicos, onde as chuvas são mais intensas.