Capacitação continua até esta sexta-feira, dia 17, no IAPAR em Londrina; objetivo é ensinar produtores a classificarem cafés especiais de acordo com a tabela SCAA
Um dos pré-requisitos para a produção de cafés especiais é aprender a identificar os atributos do grão: acidez, corpo e sabor. Conhecer as peculiaridades dos cafés especiais é uma forma de avaliar seu próprio produto e verificar se ele não apresenta nenhum defeito primário, como grãos pretos, verdes ou ardidos.
Pensando nisso, a Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), em parceria com o Sebrae/PR e com o Instituto Federal de Muzambinho, de Minas Gerais, realiza o “Aperfeiçoamento de controle de qualidade do café”, no laboratório para pesquisas e capacitação do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), em Londrina. A capacitação teve início na última terça-feira, dia 14, e continua até esta sexta-feira, dia 17, durante o dia todo.
Nesse período, 22 produtores que integram o Projeto Cafés Especiais, apoiado pelo Sebrae/PR, aprendem a classificar os grãos de acordo com o método da Specialty Coffee Association of America, conhecido como tabela SCAA, que determina que apenas os cafés que atingirem uma pontuação superior a 80 pontos são considerados cafés especiais.
“Uma das diferenças entre um café especial e um café comercial é a pureza e a uniformidade dos grãos”, explica Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR e gestor do Projeto.
O “Aperfeiçoamento de controle de qualidade do café” está sendo ministrado pelos Q-Graders José Antônio Rezende da Silva e José Marcos Angélico de Mendonça. Os Q-Graders são especialistas que podem ser comparados a enólogos, no universo do vinho, e que utilizam referências de características sensoriais e atributos da bebida, baseados em um mesmo critério de avaliação mundial.
José Rezende da Silva destaca que, durante a capacitação, os produtores irão aprender a identificar os aromas dos cafés especiais. Para isso, serão utilizados 36 compostos voláteis (le nez du cafe) com aromas que são encontrados tradicionalmente nos cafés especiais. “Os compostos são separados em quatro grupos e ensinam a identificar os mesmos aromas na ‘prova cega’ dos grãos especiais.”
O produtor Sebastião Vieira Sobrinho afirma que a expectativa é aprender a provar os cafés especiais para aplicar o conhecimento na produção dos núcleos que compõem o Projeto Cafés Especiais. “Precisamos aprender a identificar e classificar os cafés de qualidade para produzir os grãos de acordo com as normas da SCAA.”
José Rezende da Silva acrescenta que, após a imersão de quatro dias, serão promovidos encontros mensais de degustação de cafés especiais que darão continuidade ao “Aperfeiçoamento de controle de qualidade do café”.
Conhecimento
Marcos Pavan, líder do Programa de Cafés do Iapar, relata que está é a primeira vez que uma capacitação está sendo realizada no laboratório – construído com a finalidade de promover o aperfeiçoamento dos cafeicultores paranaenses. “Incentivamos as capacitações e acreditamos também que precisamos disseminar a qualidade dos cafés paranaenses.”
História
Desde que a Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) iniciou suas atividades e, junto com o Sebrae/PR, construiu o Projeto Cafés Especiais, em 2006, a qualidade dos grãos produzidos na região experimenta uma evolução inédita.
Os resultados são alcançados após uma mudança de comportamento dos produtores de café do Norte Pioneiro, que passaram em investir em capacitação, tecnologia, sustentabilidade e certificação para garantir a colheita de grãos diferenciados.
O Cafés Especiais conta atualmente com 15 núcleos. E para atender as necessidades do consumidor e aumentar o valor agregado do produto, os produtores precisaram investir em diferenciação. Para isso, deixaram de produzir cafés commodities e focaram as atividades no plantio de cafés especiais e certificados.
Essa retomada do setor no Norte Pioneiro ganhou o nome de ‘nova cafeicultura’.
Em maio de 2012, o Norte Pioneiro do Paraná conquistou a Indicação Geográfica de Procedência (I.G.P.), concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A I.G.P. garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos produtos de uma determinada região, conferindo-lhes destaque no mercado brasileiro e internacional.