Pode ser uma reação a isso”, resumiu o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.
27/09/2017 – O setor de café no Brasil tem relatado dificuldades em conseguir produto para suas operações, apesar de a colheita deste ano ter acabado recentemente, em um sinal de que cafeicultores podem estar segurando a produção à espera de preços mais atrativos e definições sobre o tamanho da próxima safra.
“Evidentemente tem café no mercado, não sei o motivo pelo qual existe esse recolhimento dos produtores, talvez porque os preços não evoluíram [como querem os produtores]. Pode ser uma reação a isso”, resumiu o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.
“O que temos ouvido é que há resistência de venda neste ano, porque o produtor sentiu que a safra não foi do tamanho esperado e já vê que pode dar ‘zebra’ também no ano que vem, que está longe de ser uma supersafra”, afirmou o diretor do Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP), Eduardo Carvalhaes.
Agrônomos, produtores e cooperativas de café do Brasil estão minimizando perspectivas anteriores de que o maior produtor mundial colheria sua safra recorde histórica em 2018, uma vez que uma seca severa nas principais regiões está danificando os pés.
Na mesma linha, o corretor Thiago Cazarini, da Cazarini Trading Company, em Varginha (MG), afirma que, em razão da falta de chuvas, “dificilmente essas primeiras floradas vão resultar em algo bom. Acreditamos que o potencial produtivo já está afetado no arábica”, explicou. “E em relação à safra atual, tivemos uma perda grande de renda no café. Produtores de arábica foram surpreendidos com o resultado de suas lavouras”, disse.
Clima e pragas
Segundo o superintendente de Informações do Agronegócio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Aroldo Antônio de Oliveira Neto, a safra de 2017 sofreu com um aumento de doenças e pragas, como a broca-do-café. Ele citou ainda problemas climáticos, como chuva na colheita e precipitações irregulares em períodos de floradas.
A redução da estimativa de 2017, no entanto, foi considerada acentuada por um corretor, apesar dos problemas registrados nas lavouras.
“É um pouco complicado dizer o que a Conab quer com isso. Sempre tenho a impressão que a entidade quer ajudar o produtor, mas com essa revisão para baixo, a Conab pode desejar que os preços subam”, avaliou um corretor em Santos, sob condição de anonimato. Ele disse que sua estimativa está em revisão.
Reuters