Produtores da região de Poços de Caldas querem o reconhecimento do ‘Café Vulcânico’

Altitude e solo rico em nutrientes favorecem qualidade da bebida produzida na região, diz professor e pesquisador do Instituto Federal do Sul de Minas

Por: EPTV - 01/05/2017

Por Lucas Soares, Machado, MG


Produtores da região de Poços de Caldas (MG) buscam o reconhecimento da qualidade do café produzido na cidade e nos municípios em torno. O “Café Vulcânico”, como já vem sendo chamado, promete levar a qualidade da bebida de uma região única no país.


“A gente está falando da região vulcânica em torno da cidade de Poços de Caldas, é uma elevação vulcânica que temos lá, a única no Brasil. Até onde a gente entende, não tem nenhum formação vulcânica desse tipo. Poços de Caldas é o único município que está dentro da cratera. Mas estamos apostando no ‘terroir’, que é a influência do solo e do clima em determinado produto, no caso, o nosso café.”, explica o professor de indústria e qualidade do café do campus de Machado do Instituto Federal do Sul de Minas, Leandro Carlos Paiva.


Segundo o professor, a altitude da região e o solo vulcânico, rico em nutrientes, são fatores que colaboram para a qualidade da bebida produzida na região. Uma associação, que já tem 37 membros, foi formada e agora ela busca junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), a identificação de procedência da área.


“Quando a gente viu que a qualidade desse local era muito interessante e se destacava de outras regiões, nós começamos esse trabalho com produtores da região para a implementação da identificação de procedência. Fizemos cursos de formação de produtores de cafés de qualidade e encontramos um público que se interessou”, disse o professor.


Entre os associados, já existem cooperativas, exportadores, torradores, indústrias de cafés e cafeterias e produtores interessados em ter o selo de procedência no futuro. O café que é produzido na região vulcânica passa por análises para que suas características sejam definidas.


“Já são três anos de análises feitas, tentando levantar qual a característica principal do café. Muito provavelmente, pelo que está indicando as análises, esses cafés têm uma acidez cítrica bastante intensa nos principais pontos que a gente amostrou, são cafés de corpo moderadamente leve, a corpo médio, que têm doçuca no retrogosto, porém o marcante são suas frutas amarelas e aromas florais que costumam aparecer”, explica o professor.


Professor e pesquisador do Instituto Federal em Machado, Leandro Carlos Paiva está à frente de projeto para reconhecimento do Café Vulcânico (Foto: Lucas Soares) Professor e pesquisador do Instituto Federal em Machado, Leandro Carlos Paiva está à frente de projeto para reconhecimento do Café Vulcânico (Foto: Lucas Soares)


Professor e pesquisador do Instituto Federal em Machado, Leandro Carlos Paiva está à frente de projeto para reconhecimento do Café Vulcânico (Foto: Lucas Soares)


Além de Poços de Caldas, poderão receber o selo de procedência do café vulcânico produtores de municípios como Andradas, Botelhos, Campestre, Santa Rita de Caldas, Caldas e outras do interior de São Paulo, como Vargem Grande, Divinolândia, São Sebastião da Grama e Caconde. Municípios como Águas da Prata e São João da Boa Vista, ainda estão em estudo.


“Estamos trabalhando com a Epamig e pesquisadores em cima do levantamento da área de abragência do vulcão, onde vamos marcar quem são os municípios e as pessoas que poderão participar desse processo. Primeiro tem que estar dentro da região contemplada pelo vulcão. Segundo, ele tem que ter uma norma, um regimento interno para produzir esse café, para que ele tenha melhor qualidade. Nenhum café sem qualidade poderá ser vendido como vulcânico. O mínimo de qualidade possível, que é de um café de bebida dura de 80 pontos para cima, já poderá ser considerado da região. Nós faremos um trabalho de pontuação e ele vai ganhar a certificação de qualidade”, explica Paiva.


Quando o café vulcânico for reconhecido, a expectativa é que ele abra o mercado de cafés especiais para os produtores da região. Segundo o professor, a produção de um café especial está relacionada com o zelo, o cuidado que o produtor tem com todas as etapas.

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