Produtores da região sofrem sem crédito |
José Araújo, cafeicultor de Rosário da Limeira, está inadimplente e, por isso, sem crédito na praça |
O café é uma cultura de longa maturação. As plantas demoram sete anos para chegar ao auge da produtividade. É também uma esperança, mas ainda fonte de dificuldades para os agricultores da Serra do Brigadeiro. Segundo o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Paulo Alexandre de Oliveira Carvalho, cerca de 300 pequenos produtores da região de Muriaé estão inadimplentes em empréstimos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) contraídos no fim da década de 90 para a implantação das lavouras. Dois anos de fortes quedas nos preços foram suficientes para arruinar a renda desses produtores. Rubens Valentim, da comunidade de Bonfim, em Fervedouro, é um deles. Deve R$ 4 mil, fora os juros. “Se tivesse pago, iria faltar comida em casa”, justifica. Também inadimplente e, portanto, sem crédito, José Araújo, de Rosário da Limeira, não vê outra saída que não seja a lenta recuperação da renda com a melhora dos preços do café e o conforto de plantar e criar praticamente tudo que a família de 14 pessoas, entre filhos e netos, precisa para comer. O agricultor tomou R$ 6,6 mil do Pronaf para plantar 5 mil pés de café. Ex-devastador das matas da serra, Araújo, de 53 anos, virou um plantador de árvores. Tem 6 mil mudas prontas de Santa Bárbara, uma madeira de lei da Mata Atlântica. A principal nascente do sítio de 30 hectares, a sete quilômetros da divisa do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, foi reflorestada com palmitos-jussara e cercada com mourões e arame. Sobre a bauxita, não tem meias palavras. “Uns falam que pode ser bom e outros não. Eu, que sou muito bobinho aqui da serra, não acho nada bom. Do que a minha família vai viver depois da mineração?” |