Produtores da Bahia esbarram em dificuldades de escoar café gourmet

Eulino Novais, campeão baiano, só teve produção valorizada depois de ser premiado

07/03/2010

Thais Rocha l A TARDE


Eulino Novais, campeão baiano, só teve produção valorizada depois de ser premiado Cafeicultores de Piatã, na Chapada Diamantina, conquistaram reconhecimento internacional, títulos de qualidade e preços recordes em leilões de café gourmet. Há dez anos, adotam técnicas de manejo de qualidade e colhem resultados. Mas ainda esbarram em dificuldades de escoamento da produção.


A cafeicultura em Piatã é formada por pequenos produtores – são propriedades de, no máximo, 10 hectares. Dentre os 26 produtores classificados no 10º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Prêmio Cup of Excellence, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e pela Alliance for Coffee Excellence (ACE), sete estão em Piatã.


Entre eles, Cândido Vladimir Ladeia Rosa, da Fazenda Ouro Verde, campeão em qualidade e preço, negociou uma saca por R$ 5,6 mil. A fazenda de Cândido é administrada pelo sogro, Antonio Rigno, classificado em quinto lugar no concurso de qualidade e segundo melhor preço no leilão, R$ 2,4 mil / saca.


Preços – Rigno comenta que o que não é vendido durante o leilão, é escoado a preço de commoditie, valor muito inferior ao do café de qualidade. “Nos concursos, conseguimos o faturamento extra”, disse.


Quem enfrenta o mesmo problema é o produtor Eulino José de Novais, campeão baiano em qualidade no concurso promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) e 15° na BSCA. “Planto café de qualidade desde 2007, mas as coisas só melhoraram agora, depois que ganhei o concurso. Fora dos leilões, os preços são baixos”, disse.


Ainda assim, o preço do café gourmet pode ser negociado pouco acima das commodities, enquanto a cotação em Barreiras, varia entre R$ 200 e R$ 260, os produtores de café de Piatã conseguem preços que variam entre R$ 280 e R$ 320. “Aqui em Piatã quem não beneficia o grão, vende a R$ 250”, diz Novais.


O produtor Pedro Santana Mesquita, 11º lugar na BSCA, coleciona títulos. Conta que foi com o dinheiro dos prêmios que comprou maquinário e construiu o terreiro. Ele espera, agora, receber o dinheiro do último concurso para construir uma estufa e um secador de grãos. “Vendi sacas de R$ 315 a R$ 500”.


Antonio Macedo de Souza, o Zinho, foi classificado pela BSCA em 22° lugar, vendeu uma saca por até R$ 1.500 e parte do mesmo lote está estocada à espera de um comprador. Zinho calculou o custo de produção em R$ 195 por saca. “Vender a preço de commodities não é bom negócio”, conclui o produtor.


Agrocafé – Produtores do município de Piatã apresentam, nesta segunda-feira, 8, em Salvador uma mistura (blend) especial de cafés premiados cultivados no município.


Eles participam, até quarta-feira, do 11º Simpósio Nacional do Agronegócio Café – Agrocafé, que reúne produtores de todo o Brasil no Hotel Pestana. “Convidamos todos os produtores a comparecer”, comentou o presidente da Associação de Produtores de Piatã, Michael de Freitas Alcântara.

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