20/11/2012
Jornal A Tarde
O preço do café durante o ano de 2012 acumulou queda de aproximadamente 30% em todo país. Na Bahia, quarto maior produtor, o percentual foi de 25%. Além disso, a seca prejudicou o volume da safra 2012 – estimada inicialmente em mais de 2 milhões.
Após uma temporada de bons preços, em 2011, os produtores viram a cotação despencar. A saca do café especial, que custava R$500, agora é vendida por R$350. No caso do café consumo, o preço variou de R$ 350 na safra passada para os atuais R$300.
O presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, argumenta que o custo de produção da saca é de R$ 400. “A Bahia já teve uma safra pequena e ainda foi vendida a um preço baixo. É difícil para o produtor aceitar isso”, queixa-se.
Motivados pelos preços do ano passado, quando houve uma alta de 40% durante a colheita, em relação a 2010, os produtores baianos motivaram-se a investir na lavoura. A expectativa para 2012 era ver os preços subirem em decorrência de uma safra menor, explica Araújo.
Mas a crise econômica na Europa e nos Estados Unidos fizeram esses mercados diminuírem a compra de cafés especiais, trocados pelo café consumo, em especial os produzidos no Vietnã, que teve uma safra grande, de 22 milhões de sacas.
O resultado disso foi a queda na bolsa do café especial (arábica), que representa 90% das exportações do Brasil. “O produtor esperava lucrar, mas teve essa frustração”, resume o corretor de café José Carlos Novais, de Vitória da Conquista.
Estocagem – O presidente da Assocafé conta que, nessa situação, os pequenos produtores estão na pior situação. Eles representam 80% dos que cultivam café no Estado. Ao contrário dos grandes produtores e de alguns médios, que optam por reter parte da produção à espera de preços baixos para pagar dívidas de produção. “Isso cria um efeito dominó. Um vende café a um preço baixo para pagar as contas, o outro vende mais barato”, diz.
O Ministério da Agricultura, através do Funcafé, já liberou R$ 1,34 bilhão dos R$ 2,715 bilhões em financiamentos às operações da safra 2012/2013. Deste valor, R$ 820 milhões são destinados à estocagem do grão, o que pode ajudar os produtores a aguardar preços melhores.
Araújo acredita que, com a ajuda desse financiamento, entre 30 e 60 dias os preços comecem a se recuperar.