Produtores de café e lideranças da cafeicultura defendem que o momento requer ações de emergência por parte do governo federal para poder conter as grandes perdas do preço do café.
Uma das ações foi a elaboração de um vídeo que está sendo veiculado em emissora de TV e nas mídias sociais, com reivindicações endereçadas diretamente à presidente Dilma Rousseff, assinado pelas maiores cooperativas do setor. Houve também diversas reuniões realizadas em Brasília na semana passada, diretamente com o Ministério da Agricultura e da Fazenda, manifestação com queima de café fechando a entrada da cidade nas proximidades de Manhuaçu e também em Três Pontas.
O presidente da Cocatrel, uma das cooperativas que assinam o vídeo, disse que é necessário sensibilizar o governo federal. “O governo está longe da nossa realidade. Quem está sentado lá em Brasília não sabe o que o produtor está passando. Não sabem que essa crise vai comprometer o produtor, o trabalhador, empregos, o comércio das cidades produtoras”, argumentou.
O presidente da cooperativa de café Minasul, Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro, disse que “os dirigentes de cooperativas vão continuar se mobilizando, exigindo do governo ações que precisamos para ter êxito no setor, mantendo a cafeicultura com seu nível de emprego e fazendo a distribuição de renda que o setor faz no país”.
Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e presidente da Associação dos Produtores Rurais do Sul de Minas (ASSUL), Arnaldo Bottrel Reis, “os governos, federal e estadual, não fazem o dever de casa. Todas as classes se unem para lutar, obviamente de forma ordeira, para levar suas pautas aos ministérios. Isso não acontece com o produtor de café”, reclama o presidente do sindicato.
“A indústria automobilística quando vê seu pátio lotado de carros, o que faz? Corre para reclamar ação do governo e é atendida. Por que o produtor de café não pode fazer o mesmo? Todas as vezes que tentamos, somos vistos como chorões que vão até Brasília com o pires na mão”, compara Francisco, da Cocatrel, que disse que as cooperativas estão protegendo seus funcionários. “A Cocatrel deve ser a maior contribuinte do INSS de Varginha e o governo não percebe isso”.
O presidente da Cooparaiso, Carlos Melles disse que a situação retrata que “sem uma resposta efetiva do governo, nas regiões produtoras existe de forma crescente a opinião de que há um descaso muito forte com a política do café, e de que não é mais possível que se pratique a venda do café abaixo do custo de produção. Os produtores cobram uma ação pública na tentativa de sensibilizar o governo para a adoção de medidas técnicas e políticas fundamentais e em caráter de urgência, o qual as cooperativas e sindicatos já formalizaram sem sucesso e agora tornam público, por intermédio dos veículos de comunicação, conforme o vídeo que está sendo veiculado”, enfatizou.
O produtor de café José dos Reis disse que se o governo fizesse, “pelo menos, o que está sendo pedido no vídeo, a situação dos produtores ficaria melhor. Precisamos que o café tenha valor real e não bonificações. É preciso fazer um trabalho sério em prol da agricultura familiar e não da agricultura industrial, que tem maior poder de barganha, os pequenos produtores é que dependem do café. A união das cooperativas pode fazer a pressão necessária ao governo e se precisar, vamos juntar os produtores para pressionar mais ainda e de forma mais firme”, declarou José dos Reis.
Vale lembrar que as cooperativas Cooparaiso, Cooxupé, Minasul e Cocatrel representam 35% de todo o café que é produzido em Minas Gerais, que o estado é o maior produtor de café do país.