João Matta seguiu os passos do pai: começou aos 15 como tratorista e hoje aos 61 é citricultor | ||
Aos 15 anos, João Carlos Matta deixou os estudos para trabalhar com o pai, José Anchieta Matta, na fazenda onde fora criado, em Monte Azul, região de Catanduva. José Matta era administrador respeitado e o filho queria seguir seus passos. Começou como tratorista, foi chefe de máquinas e fiscal. Aos 20, já administrava uma fazenda de 900 alqueires. A responsabilidade era grande. Gerenciava cerca de 100 funcionários, que trabalhavam nas lavouras de café e laranja, e com o gado. Ele foi empregado por 12 anos, mas em cinco juntara dinheiro suficiente para comprar seu primeiro pedaço de terra. Três alqueires, no município de Tabapuã. Lá João Matta apostou na produção de mudas de laranja. “Naquela época o viveiro era no chão, a céu aberto.” Um negócio foi levando a outro, João Matta vendeu os três alqueires, comprou 21, arrendou terras, começou a diversificar a atividade. Ele formava mudas de café e reservava um pedaço do chão para milho e arroz. Ao mesmo tempo, namorava a mulher, Norma, que esperou 12 anos até o casamento. De 1970 a 1974 ela cursou educação física em São Carlos, enquanto João Matta seguia na agropecuária. Formada, Norma se ocupava do bordado e das aulas que dava a grupos de senhoras. O casamento veio quando tinha 32 e ele, 36. Hoje, a mulher trocou o bordado pela pintura, acompanha o marido nos leilões, preocupa-se em recepcionar quem visita a propriedade da família, em Olímpia. João Matta mantém-se à frente de tudo, mas não dispensa a ajuda dos filhos, Helena, 24, e João, 22. Advogada, ela é o braço direito do pai. O mais novo cursa administração. Arredio à exposição, João Matta quase não se deixa fotografar, enquanto dá orientações aos funcionários da fazenda. Ele prefere que as fotos se concentrem nos cavalos mangalarga. Para ele, as verdadeiras estrelas de sua propriedade. Diversidade agrícola marca trabalho Cavalos do haras: João Matta aposta na diversificação das atividades João Carlos Matta é agropecuarista de visão. Começou na produção de mudas de laranja, em terra arrendada. Desde então, diversificou, fez mudas de café, plantou milho e arroz. Hoje, com terras em São Paulo e Minas Gerais, sua principal atividade é a citricultura. É fornecedor de laranja para uma indústria de suco e produz mudas certificadas, de alto padrão genético. Além de vender, as mudas de laranja são para o uso próprio. São 600 mil mudas por ano, em viveiro telado, “consideradas as melhores do mercado nacional”. Os animais também fazem parte da história. Há 14 anos, João Matta cria gado nelore PO (puro de origem) a pasto e vende tourinhos para reprodução. O rebanho tem cerca de 800 cabeças. A transferência de embriões é feita nas fazendas. Na reprodução do rebanho, também é utilizado o sistema de fertilização in vitro, em laboratório. No fundo, a paixão é pelos mangalarga Os cavalos mangalarga são um caso à parte na vida de João Carlos Matta. Como ele mesmo diz, desde moleque os cavalos são sua paixão. Em julho de 1978 iniciou o plantel de eqüinos que daria origem ao Haras da Matta, na fazenda Santa Cruz, em Olímpia. Comprou três éguas mangalarga, de Paulo Sampaio de Almeida Prado. Muitas provas se passaram, muitos títulos conquistaram seus animais. Hoje o criatório conta com 200 mangalarga. Embora o Haras da Matta utilize toda a tecnologia existente em genética, é das provas de antigamente que o produtor conta com mais orgulho. No início da década de 80, um de seus cavalos, chamado Jogo da São José, ganhou duas provas de corrida. “Eram 70 quilômetros contra o relógio. Ele foi o mais rápido entre todas as raças.” A prova era promovida pela Festa do Cavalo, em Colina. “Acabou porque exigia muito dos animais.” A raça também originou outra oportunidade: a criação de burros e mulas. “As melhores mulas do mercado nacional são filhas de mangalarga paulista.” Educação financeira controla os gastos e ajuda a pagar dívidas Com tanta oferta de crédito na praça, o consumidor perdeu controle e está indo à falência
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