PRODUTOR DO SUL DE MINAS CULTIVA O MELHOR CAFÉ DO MUNDO

Para quem gosta da bebida, vale a pena explorar o Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas, para conhecer e degustar o produto das plantações locais

24 de fevereiro de 2016 | Sem comentários Cafés Especiais Produção
Por: Maria Paula Feichas (FOTOS: DIVULGAÇÃO) | Travel 3

Sebastião Silva, na sua
premiadíssima plantação (Fotos: Arquivo Pessoal Sebastião
Sival/Divulgação)


A
cidade de Cristina, no Sul de Minas Gerais, ganhou as manchetes mundiais. É lá
que é cultivado o “Melhor Café do Mundo”, segundo o concurso Cup Of
Excellence, que consagra os melhores produtores de cafés especiais do
planeta.


“Tem
provador que só de sentir o cheiro sabe que é café produzido por mim”,
diz Sebastião Afonso da Silva, o primeiro bicampeão do concurso (http://www.allianceforcoffeeexcellence.org).


O
café em questão, foi avaliado por jurados internacionais e atingiu recordes na
pontuação. Em 2014, com 95.18 pontos, foi a maior nota já obtida na competição.
Em 2015, o segundo recorde, 94.47. “Eu cuido de todos os lotes com a mesma
dedicação. Mas é que aquele lugar já tem incidência de ter uma bebida melhor,
então ficamos esperando a hora certa para tirar o café. Isso envolve vários
detalhes, até a previsão do tempo”, responde Sebastião quando questionado se há
um tratamento especial para os cafés que participam de competição.


De
uma experiência inicial de apenas 1400 pés de cafeeiros, há 20 anos, herdados de
uma divisão familiar, Sebastião cuidadosamente trata e colhe hoje em lavouras
que totalizam mais de 800 mil pés. “Meu pai criou a família plantando arroz em
terras arrendadas. Tudo manual, sem máquina, sem herbicida… Quando não deu
mais para competir com a indústria, começamos o café para teste. Dos 15 filhos,
meu pai dividiu as terras entre os oito homens. Sorteamos as áreas e assim
fizemos”, se recorda, com muita alegria nos olhos.


Com
‘independência’ para se atentar à sua terra, em 1996 plantou novos pés para
somar àqueles já adquiridos. “Foi lá pra cima, no Baixadão, onde hoje tem dado o
café de qualidade”, informa Sebastião. Depois, como ele mesmo conta, com o
dinheiro dessa colheita comprou mais terreno e plantou mais 100 mil pés. Em 2001
e 2004, novas compras de fazendas, “até que em 2007 eu ‘tava’ (sic) com o
café que tenho plantado hoje. Não ‘tava’ dando conta na hora de secar, porque eu
levava para minha casa… 10 km daqui… Não tinha terreno… Não tinha onde
guardar… Foi quando disse para mim mesmo: – Não planto mais nenhum pé e vou
investir no pós-colheita!”


Um
vizinho, grande amigo e já falecido, José Clenio Pereira, era o grande
incentivador dos produtores na cidade de Cristina. Com a ajuda e orientação
dele, Sebastião conseguiu comprar as máquinas (lavador, secador e despolpador)
e, para descartar qualquer dúvida sobre a técnica vencedora, já no primeiro
concurso ficou entre os 50 finalistas.


“Em
2008 fui campeão disparado no Prêmio Illy de Qualidade, com o grão cereja
descascado. Depois só fui aperfeiçoando e sempre sendo finalista nesse
concurso”, resume o produtor, que com a safra 2013/2014 conquistou também
prêmios no concurso da Cocarive – Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale
do Rio Verde, em Carmo de Minas (2ºlugar) e no Mantiqueira de Minas (1º
lugar). Em 2015, na Cocarive teve cinco cafés entre os dez melhores e no
Mantiqueira de Minas, de 12 finalistas, ficou com 2º, 6º, 11º e 18º lugares.
Nesse Cup Of Excellence, organizado pela BSA, ele
entrou em 2014 e foi vencedor na primeira tentativa.


Atualmente,
com a ajuda de seu filho, Helisson Afonso, e uma equipe de
10 colaboradores, Sebastião administra quatro propriedades e cerca de 85
hectares de plantação. Sua próxima meta vai ser inscrever mais uma propriedade
para ser campeã. “Em 2014 vencemos com o Sítio Bachadão (no nome do meu irmão
Antônio Márcio); em 2015 com o Sítio São Sebastião, no meu registro. Para o ano
que vem, se conseguir, quero que seja o Sítio Santa Isabel, no nome do meu
menino”, projeta.


Se
ele vai precisar de sorte para vencer em 2016, Sebastião já provou que não. “Eu
trabalho para isso, para fazer café de qualidade. Venho simplesmente fazendo há
muito tempo”.


A
venda desses célebres cafés é realizada via leilão na internet, para
importadores ou torradores, que são obrigados a identificar a origem na
embalagem. Está marcado para o dia 2 de fevereiro esse evento, e será um lote de
18 sacas do vencedor.



O segredo pode ser o Sul de
Minas


A
reportagem não poderia deixar de perguntar qual a importância, para o Sebastião,
de suas propriedades estarem localizadas no Sul de Minas. Seja pela altitude ou
clima. Para alegria dos leitores e principalmente dos moradores, ele é enfático:
“Faz toda a diferença. A qualidade do café se faz no pé. Não adianta querer
criar a qualidade depois de colhido. Eu consigo manter esse diferencial em
várias safras. Tem gente que tem a qualidade no pé, mas nem fica sabendo, por
pura falta do conhecimento”, acredita ele, que não exime o seu olhar para
alcançar o resultado esperado. “Sou eu mesmo que seco, porque se confiar a
terceiros pode não acontecer”.


Curiosidades



O lote vencedor foi preparado dois dias antes do concurso pelo próprio produtor.
Pura confiança no taco!



A Universidade Federal de Lavras (UFLA) também utiliza amostras do café
produzido por Sebastião para estudos de melhoria



Starbucks é a maior torrefadora de café do mundo. Se você estiver visitando uma
das 15 mil unidades, com certeza vai ter a opção de degustar o café campeão. A
xícara pode custar a partir de R$10,00.



Apreciadores dizem que a produção do sítio São Sebastião tem cheiro de canavial,
de cana de açúcar.



Apenas café de qualidade apresentam os fox bin, que são grãos com coloração
diferenciada.



O concurso avalia o café natural, ou seja, secado na própria casca, no sol ou no
secador. Depois ele se torna despolpado, ou seja, retira-se a casca e fica só o
pergaminho, amarelinho.


 –
Na categoria despolpados, o campeão em 2015 obteve 91.4 de pontuação. Sebastião
não participou, mas o seu café nessa categoria apresenta 94 pontos.



Alguns do pés de cafés estão a 1.360m de altitude.



A bebida, ao ser degustada, é avermelhada e nem precisa de açúcar. Sabor que não
se compara aos tradicionais.



A saca vencedora de 2014 foi vendida por cerca de R$9.000,00.



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