José Bonato, Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)
No mercado tradicional de café, uma saca de 60 quilos obtida na fazenda Sapecado, em Cravinhos (SP), vale R$ 400. Essa mesma saca transformada em bebida rende R$ 19,8 mil –quase 50 vezes mais– na cafeteria que os produtores abriram em um shopping da região.
O dono da fazenda, Francisco Castilho, 47, abriu a cafeteria em parceria com a mulher, a advogada Mariana Boechat, 34.
Essa tem sido uma saída adotada por alguns produtores: mirar no consumidor final para aumentar a rentabilidade das colheitas e reduzir a dependência em relação ao mercado de grãos, no qual os valores pagos pela saca nem sempre cobrem o custo de produção.
Abertura de cafeterias, criação de franquias, e produção e venda de grãos especiais vêm se tornando uma tendência, segundo Nathan Herszkowicz, 63, diretor executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café).
Enquanto o segmento de bebidas especiais, preparadas com café gourmet, cresce 15% ao ano, o de commodities (grãos vendidos crus) se mantém no patamar anual de 1,5%, de acordo com Herszkowicz.
“É uma tendência crescente e, por isso, o Brasil vem sendo considerado o maior provedor de grãos de alta qualidade. O mercado gira em torno de R$ 2 bilhões por ano”, afirma.