30 Dez 2015 | 09h20
São Paulo, 30 – O crescimento da agropecuária brasileira foi impulsionado principalmente pela produtividade, que aumentou à taxa de 4% ao ano. Esse aumento é superior à média mundial, que tem crescido 1,84% ao ano.
Essas informações constam de estudo desenvolvido pelo Departamento de Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e pelo Serviço de Pesquisa Econômica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ERS/USDA), no período de 1975 a 2014.
Conforme a pesquisa, já entre 1975 e 1998, a produtividade brasileira crescia à taxa de 2,88% ao ano. A taxa anual de crescimento compreendido de 1975 a 2014 foi de 3,53%. As inovações decorrentes da pesquisa e a adoção de novas tecnologias agrícolas foram os fatores que contribuíram para o resultado, que colocou o País em posição de destaque diante de competidores no mercado internacional de alimentos e fibras.
Um fluxo relativamente contínuo de recursos para a pesquisa, realizada no País principalmente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi essencial para a descoberta de novas tecnologias. “O efeito acumulado disso provocou um aumento significativo sobre a produtividade total dos fatores”, informa em comunicado o coordenador-geral de Estudos e Análises da Secretaria de Política Agrícola, José Garcia Gasques, do Ministério da Agricultura.
Entre as tecnologias que tornaram viável o aumento da produtividade da agricultura brasileira, Gasques cita a segunda safra de verão, também chamada de safrinha, a resistência genética às principais doenças, além de práticas sustentáveis como o plantio direto na palha.
Ao longo do período analisado, constatou-se acentuada mudança na composição da produção agropecuária. Diversos produtos como café, arroz, milho, carne bovina e suína, perderam participação no valor total da produção. Outros ganharam participação como frutas, cana-de-açúcar, soja, leite, ovos, carne de frango e laranja. Essa mudança trouxe aumento do valor agregado com a maior incorporação de tecnologia. Mesmo produtos considerados tradicionais, como soja e milho, quanto ao sistema de produção passaram a incorporar novo conteúdo tecnológico.
Outra mudança importante ocorrida no período da análise e que tem forte repercussão sobre a produtividade é o deslocamento espacial das atividades agrícolas. De acordo com o Gasques, os grandes municípios produtores de grãos deslocaram-se do Sul e Sudeste para regiões como o Centro-Oeste, parte do Norte e Nordeste, onde há possibilidade de cultivos em amplas áreas.
Fonte: Q10/Estadão Conteúdo