13/11/2006 06:11:47 –
País pode se transformar em uma referência mundial e aumentar as exportações SÃO PAULO – Após atingir papel de destaque no agribusiness, o Brasil demonstra grande potencial para ser, no futuro, referência também na produção de orgânicos. De acordo com a Agência de Promoção das Exportações (Apex-Brasil), a produção de orgânicos cresce a uma taxa de 30% ao ano no Brasil, acima do que evolui a demanda mundial por estes itens, que é em torno de 25%. O Siscomex inseriu recentemente uma classificação especial para produtos orgânicos na lista de exportações, pois ficavam no grupo dos agrícolas. A medida é vista como importante contribuição para dimensionar com mais precisão o tamanho do mercado, mapear países-destino, quais itens são mais comercializados, ao mesmo tempo em que sinaliza ao mundo a importância do Brasil nesta área.
O potencial de crescimento do nicho já foi identificado antes e existem diversas iniciativas de produtores para fomentar as vendas externas. Há duas semanas, São Paulo sediou a edição latino-americana da feira internacional Biofach, evento que já teve versões na Alemanha, Japão e Estados Unidos. Na soma das três feiras, as empresas brasileiras participantes fecharam negócios de US$30 milhões para o período de um ano. Hoje a agricultura orgânica brasileira representa apenas 1% do mercado mundial deste tipo de produto, estimado em US$25 bilhões, apesar de a área de cultivo brasileira ser a sexta maior do mundo.
Os principais países compradores de orgânicos brasileiros são Alemanha, Holanda, Estados Unidos, Japão, Canadá, Dinamarca, Itália, Espanha, Áustria, Austrália, Suíça, França, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Portugal, China, Israel, África do Sul, Uganda, Coréia, Taiwan, Uruguai, Bolívia e Argentina. O Brasil exporta soja, açúcar branco e açúcar mascavo, café, sucos cítricos, mel, arroz, frutas como manga, banana, melão e mamão papaya, óleos essenciais, castanhas, erva mate, cogumelos, óleo de babaçu, óleos vegetais, essências florestais, extratos vegetais, frutas desidratadas, cachaça, doces, algodão e até cosméticos produzidos a partir de matéria-prima orgânica. Números do Instituto Biodinâmico (IBD) e a da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam), entidades dedicadas a promover os orgânicos, dão conta que existem 19 mil produtores no Brasil, sendo que somente 250 empresas são regularmente constituídas e certificadas, o que é obrigatório para exportar.
Se forem considerados pequenos produtores de diferentes regiões, o número de produtores poderia chegar a 50 mil. A soja é o orgânico mais produzido, respondendo por 31% do volume total. Na seqüência vêm as hortaliças, com 27% e o café, 25%. A produção de frutas orgânicas é a que ocupa a maior área plantada, 26% do total. A cana de açúcar viria na seqüência, com 23%, e depois o palmito, com 18%, de acordo com dados da Projeto Organics Brasil. Para o consumidor brasileiro, a informação sobre o desempenho do Brasil na área chega a surpreender. No mercado interno ainda é ínfima a participação destes produtos. Não por falta de desejo ou de reconhecimento do benefício e sim por causa do custo frente aos não-orgânicos. O preço pode ser 20% maior ou até o triplo dos similares não-orgânicos, o que é comprovadamente o principal entrave à maior propagação do consumo.
Calcula-se que 75% da produção é exportada. Enquanto que em países com importante índice de consumo de orgânicos, como EUA, Alemanha, Itália, Holanda e França, o principal canal de venda é o varejo especializado, no Brasil os produtos são vendidos majoritariamente em supermercados, que, por seu lado, respondem por uma parcela pequena da venda de hortifrútis em geral. Este dado corrobora a pequena penetração na população brasileira. Estudos do Latin panel mostram que apenas 26% dos consumidores compram estes perecíveis em supermercados e outros 26% mesclam as compras com feiras e sacolões. Metade das pessoas ainda opta apenas por estes dois últimos canais. (AE)