Produção de coca afeta café e outras culturas na Bolívia
(24/11/2009 17:46)
O café, assim como o palmito, a banana e o cacau orgânico exportáveis de Chapare, na região de Santa Cruz, na Bolívia, estão experimentando uma baixa na produção desde 2005, devido ao aumento dos cultivos de coca, que tiveram uma ampliação de 35 mil hectares, segundo alertou o deputado Arturo Murillo, que destacou a necessidade de se investir na seguridade alimentar. “A plantação de produtos alternativos praticamente caiu a zero, pois não há nada que concorra com o narcotráfico.
Qualquer setor ou produto nunca conseguirá competir, por isso, a população está deixando de lado os cultivos lícitos”, destacou o deputado da região de Cochabamba, que ressaltou que uma carga de coca hoje tem valor mil vezes superior ao de uma carga de laranjas, por exemplo. De acordo com o monitoramento do cultivo de coca da ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2005 as plantações de coca tiveram um aumento de mais de 100% na Bolívia, apesar da existência de normas que regulam a quantidade de lavouras que podem ser tocadas por cada pessoa.
Os dados indicam que em 2005 o país possuía um total de 25,4 mil hectares de plantações de coca, sendo que em 2008 esse número saltou para 30,5 mil, sendo que a produção diária de cocaína deve estar entre 150 e 200 quilos. “Se seguirmos com essa loucura, em muito pouco tempo vamos ter de comprar dos argentinos, brasileiros ou peruanos desde o tomate que consumimos até o café. É um atentado contra a saúde alimentar do país, pois os camponeses estão deixando de produzir e estamos tornando nossa economia dependente do narcotráfico”, sustentou o deputado, que pertence à bancada de oposição ao honorável presidente Evo Morales.
A diminuição de áreas de café, segundo ele, ocorre até em zonas tradicionais, caracterizadas por grãos de qualidade, como é o caso de Yungas. Dados da ONU apontam que a Bolívia é responsável pela produção de 18% da coca do mundo, nível que está abaixo do verificado no começo da década de 90, quando possuía mais de um quarto da produção mundial. Mesmo assim, as áreas florestais estão sofrendo desmatamento e recebendo novas lavouras de coca, contribuindo para uma fragmentação do habitar, perda da biodiversidade e erosão do solo. As informações partem da Agência de Notícias do Café / Café e Mercado.