A cultura do café será uma das mais afetadas com o aquecimento global. A produção atual, que é de 30 milhões de sacas, poderá cair em 2100, para 2,4 milhões de sacas, um prejuízo em torno de US$ 375 milhões. A previsão é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O estudo, realizado pelo pesquisador Eduardo Assad, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), foi apresentado nessa terça-feira (03-04), na Câmara dos Deputados, na audiência pública que discutiu os efeitos do aquecimento global sobre a agricultura brasileira.
Assad mostrou ainda o impacto das alterações climáticas em culturas como o feijão, soja, algodão, arroz, milho e cana-de-açúcar, simulando aumentos na temperatura de 1 a 5,8 graus Celsius. Em todos os casos verificou-se uma redução considerável de áreas plantadas em todo o país.
A preocupação com os efeitos gerados, resultou em possíveis soluções que devem ser tomadas para evitar essas conseqüências trágicas num futuro bem próximo. Uma delas seria a mitigação, que consiste em sistemas mais
eficientes e limpos, como a redução de queimadas; substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis (cana-de-açúcar, soja, mamona, feijão, dendê ; florestamento e reflorestamento; energias alternativas, dentre outros. A adaptação também seria uma forma de solucionar o problema, por meio do melhoramento genético, desenvolvendo variedades resistentes a altas temperaturas e à seca, além da introdução de novas culturas.
Para Assad, apesar dos problemas constatados , ainda há tempo de reverter essa situação. “Esse é um problema que a Embrapa já vem se preocupando há muito tempo e, por essa razão, já realiza estudos sobre o assunto. Nosso trabalho verificou que há solução para esse cenário que está se formando cada vez mais rápido. Agora é necessário unirmos esforços com segmentos de toda a sociedade para mudar esse quadro crítico”.