Em fase final de colheita, produtores sentem a redução da safra devido a problemas climáticos
Marcelo Lara | Araxá (MG)
A última previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a produção de café, o Brasil vai chegar a 43,5 milhões de sacas nesta safra. Mas as cooperativas e os produtores dizem que os números são outros, que não deve passar de 36 milhões. A safra 2010/2011 está no final, termina no dia 15 de setembro. Em algumas regiões de Minas Gerais, a produção foi menor por problemas climáticos, o que rendeu menos café pra ser ensacado depois.
Na fase final da colheita de café da safra, é hora de peneirar os grãos que ficaram pelo chão. Neste momento, os números previstos são confrontados com a produção real. Na região de Araxá que pertence ao cerrado mineiro, a maior parte das lavouras é de sequeiro. Dentro da bi-anualidade, este ano a previsão era de safra 40% menor do que no ano passado. Mas a surpresa veio na hora de comercializar, os produtores estão fechando os cálculos e registram mais 20% de quebra por motivos climáticos.
Dois fatores contribuíram para as perdas na produção esperada para este ano principalmente na região de Araxá. Primeiro, o retorno das chuvas no ano passado aconteceu somente no dia 16 de outubro atrasando a florada em 30 dias. Depois em janeiro deste ano um veranico que durou 33 dias em pleno enchimento dos grãos. O prejuízo está no rendimento na hora de beneficiar o café.
O cafeicultor Romero de Melo Rezende tem 20 hectares e já fechou a produção deste ano contabilizando a queda na produtividade.
– Aqui tem uma bi-anualidade acentuada. Este ano nós esperávamos uma produção entre 18 e 20 sacas por hectare. Estamos colhendo e fechando com apenas 15 sacas – relata.
Na fazenda do produtor Lazaro Tomé de Rezende, que acompanhou o momento da florada no ano passado, que veio única e intensa, o visual enganou as previsões e desequilibrou o orçamento do cafeicultor.
– Quando nós tivemos a florada, com a assessoria dos agrônomos, nós estimamos uma safra muito boa. Com a colheita nós ficamos decepcionados. Houve uma queda acentuada. Nós vamos custar para honrar nossos compromissos com esta quebra na nossa safra, mesmo com os preços excelentes e satisfatórios – lamenta.
Os grãos estão cascudos, como dizem os produtores. Estão miúdos. Normalmente oito sacas de café que chegam para o beneficiamento rendem uma saca limpa. Desta vez o cafeicultor precisa de 10,5 sacas pra fazer uma. O resultado pode mexer com o mercado.
– Nós já estávamos com os estoques baixos, estoques mundiais baixos. Esperávamos uma produção que não vai se concretizar. Lei da oferta e da procura. Vai ter uma falta mais acentuada do que se esperava. Não estou dizendo que o preço vai subir, não sei. Mas os estoques estão baixos – relata o gerente da Cooperativa Agropecuária de Araxá-MG, Marcelo Marques Ribeiro.
Usando da experiência de 18 anos na produção de café o produtor Lázaro Rezende já está preocupado com a próxima safra.
– Eu tenho notado que a temperatura está acima da média e as lavouras estão murchando. Eu não tenho dúvidas, mesmo não sendo agrônomo, que a próxima safra já está comprometida – relata o cafeicultor.
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