Produção de café da América Central e do México devem sofrer perdas severas, segundo Marex Spectron

De acordo com o relatório de abril da Marex Spectron, corretora de commodities baseada em Londres, a nova safra de café da América Central e México deverá ser baixa. A previsão de produção para a região feita pela Marex é de 14 milhões de sacas, depois de uma redução de 1,9 milhões de sacas. Doenças como fúngicas como a ferrugem continuam prejudicando a produtividade dos cafezais da região.

“Isso representa uma redução de 3,4 milhões de sacas em comparação com a safra de 2012/13. Além disso, os estoques de passagens da última safra estão praticamente vazios”, informa o relatório. “Aparentemente, El Salvador e Guatemala foram os países mais severamente atingidos, sofrendo reduções de 30% e 25%, respectivamente”.

As exportações da região no ano passado foram beneficiadas por estoques de passagem cheios, mas este ano, a Marex Spectron prevê que as exportações fiquem reduzidas em pelo menos 4 milhões de sacas, ao longo do ano.

Os atuais preços altos pagos pelo café estimulam mais investimentos em fertilizantes e pesticidas, porém, segundo o relatório, “é pouco provável que a produção da América Central fique livre da ferrugem na safra 2014/15” e ressalta. “Não devemos esquecer que boa parte da safra já foi vendida antes das altas do café no mercado futuro, o que significa que muitos produtores poderão não ter mais dinheiro para investir na nova safra”.

Doenças do café
De acordo com José Braz Matiello, pesquisador da Fundação Procafé, os cafezais da América Central têm diversos fatores que a faz mais suscetível a doenças. “As condições são muito favoráveis. O clima é quente e úmido, o pessoal planta o café adensado, com sombra, estão dá muita condição para o fungo se desenvolver. As variedades também são muito suscetíveis, pois eles plantam muito Caturra e Bourbon”. Nos últimos dois anos, segundo Matiello, a incidência de doenças cresceu na região.

No ano passado, de acordo com estimativas da OIC (Organização Internacional do Café), mais de 400 mil trabalhadores perderam seus empregos, foram afetados pela crise no setor cafeeiro na região.

Colômbia e Peru
Os embarques de café da Colômbia continuam firmes e devem “cobrir o buraco” deixado pelos outros países da América Central. Porém, a produção do país pode não ser suficiente para atender a demanda, segundo o relatório. “Com quase 6 milhões de sacas já exportadas nos últimos seis meses, entre outubro e março, e com a forte demanda para atender os mercados da América Central, a questão é: quanto mais a Colômbia poderá fornecer?”.

A Marex Spectron informa ainda que a região tem “pouco café nas mãos dos produtores” e as exportações da região devem ser pequenas nos próximos seis meses.

A florada na Colômbia está com boa aparência e a expectativa é que a produção anual suba no país. Para a safra 2014/14, a expectativa é que a produção do país seja de 11 milhões de sacas, o que sugere que as exportações do país fiquem em média 1 milhão de sacas por mês no último trimestre de 2014. Para o Peru, onde a incidência de ferrugem é mais grave, a produção também deve ser reduzida para 3,9 milhões de sacas. 

El Niño
Se o fenômeno El Niño atingir a região com a força que teve em 1997, ele poderá reduzir ainda mais a produção de café na Colômbia, Brasil e América Central, além da Indonésia e do Vietnã. Já se prevê um déficit de produção na safra 2014/15 e na 2015/16, o que deverá ser intensificado pelos estoques baixos. Os preços, neste cenário, devem ficar ainda mais altos.
Fonte: Notícias Agrícolas // Fernanda Bellei

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