Procafé: Cobre ainda é necessário em pulverizações em cafeeiros

Lembra-se que, no passado, quando problemas de desequilíbrio, pelo cobre, foram levantados em escala prejudicial, se utilizava doses bem altas dos fungicidas cúpricos, de 5 – 7,5 Kg/ha de produto com 50% de cobre metálico, ou seja, com 2,5-3,7 kg de cobre

29/03/2017  –  Ultimamente, o uso de fungicidas cúpricos, em
pulverizações em cafezais, vem sendo reduzido, substituído por formulações que
combinam estrobilurinas com triazóis. No entanto, as pesquisas e o uso prático
demonstram que, produtos a base de cobre, ainda são muito úteis no programa de
manejo de doenças e deficiência nutricional no cafezal.


Alguns técnicos recomendantes e algumas empresas de defensivos baseiam a sua
restrição a fungicidas cúpricos, no programa de controle de doenças em
cafeeiros, pelo efeito desses produtos no aumento de ácaros e bicho mineiro e na
falada inviabilidade de uso em combinação com formulações de triazóis.


Lembra-se que, no passado, quando problemas de desequilíbrio, pelo cobre,
foram levantados em escala prejudicial, se utilizava doses bem altas dos
fungicidas cúpricos, de 5 – 7,5 Kg/ha de produto com 50% de cobre metálico, ou
seja, com 2,5-3,7 kg de cobre/ha. Essas doses, empregadas nas décadas de
1970-80, foram uma herança de tecnologias oriundas do Kenia. Aqui, no Brasil, as
pesquisas demonstraram que, apesar de nossos cafeeiros possuírem grande área
foliar, a arquitetura da ramagem e da folhagem, em camadas sobrepostas,
facilitava o melhor aproveitamento das partículas de cobre lavadas, pelas
chuvas, de cima a baixo na folhagem, permitindo uso de doses menores do
fungicida.


Houve evolução importante nos produtos fungicidas, utilizados, ao longo
desses 47 anos de convivência com a ferrugem, na cafeicultura brasileira,
levanto ao maior uso, atualmente, de  formulações de triazóis com
estrobilurinas, estes também eficientes contra a cercosporiose e com ação ainda
sobre Phoma. A combinação de ativos tem sido uma boa alternativa, pra melhorar o
controle e superar problemas de resistência, alem de agregar controle associado,
ou seja, de mais de uma doença. A inclusão de fungicidas cúpricos em programas
de manejo das doenças do cafeeiro é importante, pois adiciona ação
tônica-nutricional, melhora a cobertura, por redistribuição na folhagem, auxilia
no controle da ferrugem, cercosporiose e mancha aureolada.


Merecem destaque na ação de fungicidas cúpricos 4 efeitos mais importantes.
1-A correção da deficiência de cobre, nutriente normalmente deficiente em solos
das regiões cafeeiras, especialmente, em cafeeiros em formação, sendo esses
produtos, pela sua  liberação lenta do cobre, mais eficientes na correção,
do que os próprios sais solúveis de cobre. 2- O efeito profilático do cobre no
equilíbrio e na redução do ataque de Pseudomonas e no controle paralelo da
cercosporiose, especialmente na de frutos. 3-A ação do cobre na redução de
problemas de resistência dos fungos e 4- O efeito do cobre na retenção foliar em
cafeeiros.


No aspecto de retenção foliar, pesquisas no passado já mostravam que os
fungicidas cúpricos têm ação anti-etileno. Veja o exemplo dos resultados
expostos na tabela 1. Pode-se observar que, apesar do controle de cercosporiose
ser mais eficiente com uso de fungicida específico, os maiores níveis de
infecção pela doença no tratamento com cúpricos não resultou em maior desfolha,
muito pelo contrário, foi o tratamento com cobre que apresentou menor
desfolha.


Quanto às dificuldades na combinação de cobre com triazóis, pesquisas
anteriores e uma mais atual, de 2016, demonstram que, quando indicado, podem ser
associadas fontes com cobre, na forma pouco solúvel, conforme são os fungicidas
cúpricos normais, nas caldas com formulações de triazóis. Na utilização dos
principais ativos de triazóis ( Cyproconazole e Epoxiconazole), com e sem
combinação com hidróxido de cobre, os níveis de infecção médios, pela ferrugem,
foram semelhantes e igualmente baixos, variando de 1,0 a 6,0% de fls.
infectadas, nas duas condições de uso, isolado ou combinado.


Resta esclarecer que o desequilíbrio do cobre em relação à população de ácaro
vermelho e bicho mineiro foi minimizado pelo uso de doses baixas do fungicida
cúprico. Além disso, esse problema de desequilíbrio, tem ocorrido, hoje em
escala pequena, nas regiões já problemáticas para essas pragas e onde o controle
deve ser praticado sistematicamente, independente do uso ou não de fungicidas
cúpricos. Por outro lado, as grandes vantagens do uso de cúpricos, aqui
evidenciadas, indicam a conveniência de incluir, em 1-2 pulverizações ao ano,
produtos fungicidas à base de cobre, no programa de pulverizações dos
cafezais.

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.