Com o início da colheita da safra 2018/19 de café no Brasil se aproximando, analistas e tradings afirmam que a pressão sobre as cotações deve persistir.
Esse cenário esperado só mudará, afirmam, caso haja um problema climático grave que afete a produção.
Após apresentação no Seminário Internacional de Café de Santos, ontem no Guarujá, David Neumann, sócio diretor da Neumann Kaffee Gruppe, maior trading de café do mundo, afirmou que os preços do café devem continuar em “patamares baixos” no mercado internacional porque há produto suficiente no mundo.
Para ele, a não ser que haja uma geada no Brasil ou algum outro “problema climático grande” que afete a safra 2018/19, “os preços, infelizmente, devem ficar estáveis nos patamares em que estão”.
Na avaliação de Neumann, “se houver excedente de café” no mercado global na safra 2018/19, “será um pequeno excedente”. Sem citar números, ele destacou que “há café suficiente no mundo, um pouco mais, ou pouco menos [não faz diferença]. Há muito café, há uma grande safra vindo do Brasil”. Além disso, afirmou, não há informações de que outros grandes produtores, como o Vietnã, vão colher menos café. Mesmo na Colômbia, onde se estima queda, “a produção pode ser um pouco menor, mas não algo relevante”, disse.
Segundo ele, a percepção é “de que as coisas estão bem” com a safra brasileira com base no que a empresa tem visto nas regiões onde compra e onde produz o grão. Mas também não citou estimativas sobre a produção no país. “A colheita começa esta semana. Não acho correto dizer um intervalo [de estimativa de produção]. Porque a safra está começando a chegar, a maioria das áreas parecem muito boas e algumas áreas não tão boas”, argumentou.
Neumann admitiu que “talvez” o intervalo estimado de produção no Brasil pela empresa “seja um pouco baixo” e que assim, quando a safra brasileira vier, o volume pode ser um pouco maior do que o projetado. De acordo com a Conab, a produção total brasileira deve ficar entre 54,4 milhões e 58,5 milhões de sacas.
Rodrigo Costa, da Comexim, estima que os preços do café em Nova York devem cair para a casa dos US$ 1,05 por libra-peso por volta do mês de julho, com a entrada da safra brasileira no mercado.
A visão de que só um problema climático no Brasil pode alterar a perspectiva de queda para os preços é compartilhada por Vivek Verma, diretor-geral da Olam Internacional, uma das maiores tradings de café do mundo. A Olam estima que a produção no país na safra 2018/19 deve ficar em cerca de 60 milhões de sacas.
A safra 2019/20, cuja florada começa em outubro e é de bienalidade negativa, já entrou no radar do mercado. Questionado sobre as perspectivas para tal safra, David Neumann disse acreditar que o ciclo de baixa da produção “parece menos pronunciado do que costumava ser”. Acrescentou que “sem um número para a safra 2018/19, não posso ter um número para 2019/20, mas posso imaginar que serão muito próximos”. De qualquer forma, em disse, “o próximo ciclo pode não ser tão baixo quanto o esperado”
(Assessoria de Comunicação, 11/5/18)