Preocupações climáticas no Brasil e cenário financeiro agitam mercado de café

Durante um período de inquietação climática, a cotação para dezembro/24 atingiu 253 centavos de dólar por libra-peso, o maior valor desde fevereiro de 2022.

Porto Alegre, 23 de agosto de 2024 – O mercado internacional de café teve mais uma semana de intensa volatilidade. Com preocupações com o clima seco no Brasil e com a chegada de uma nova massa de ar polar no início da próxima semana no cinturão cafeeiro do país, as cotações voltaram a subir nas Bolsas de Nova York para o arábica e de Londres para o robusta.

Como destaca o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, essas condições climáticas têm causado preocupação e impulsionado os preços do café na bolsa de Nova York. Durante um período de inquietação climática, a cotação para dezembro/24 atingiu 253 centavos de dólar por libra-peso, o maior valor desde fevereiro de 2022. Posteriormente, destaca Barabach, acabou devolvendo parte dos ganhos, buscando acomodação abaixo da linha de 250 centavos.

“Sinais de sobrecompra estimularam uma correção técnica. Adicionalmente, uma estratégia de compra mais conservadora contribuiu para este ajuste negativo. Grandes indústrias globais expressam dificuldades em absorver e repassar o aumento nos custos do café”, avalia o consultor.

Barabach observa que, além das incertezas na produção, a turbulência financeira também influencia os preços do café, aumentando a volatilidade do mercado. “Há uma crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed) iniciará um ciclo de redução de juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em setembro. A divulgação da ata da última reunião do Fed reforçou essa percepção”, comenta.

Assim, o mercado já está reagindo à essa possibilidade, com o dólar valorizando-se em relação às moedas emergentes, apesar de continuar desvalorizado frente às moedas fortes, como o iene, euro e libra.

Ele ressalta que as mudanças na política monetária dos EUA afetam os preços e o equilíbrio dos ativos globais, alterando fluxos financeiros. “Evidentemente, tais movimentos impactam o preço das commodities e as taxas de câmbio, afetando diretamente o preço do café recebido pelos produtores”, observa.

A oferta de café permanece restrita, refletindo a redução atual na produção de robusta e indicando que a próxima colheita no Vietnã será limitada, assim como foi anteriormente, analisa Barabach. “No Brasil, uma safra abaixo do esperado intensifica a escassez na oferta, favorecendo o aumento no preço de equilíbrio global do café. Porém, o robusta já atingiu o maior nível em 16 anos, e o arábica também está bastante valorizado, repercutindo esse cenário de aperto na oferta”, salienta.

Por outro lado, o consultor pondera que a demanda, que estava em alta, começou a desacelerar. Os estoques baixos já foram recompostos e, na União Europeia, as compras excederam o necessário, expandindo as reservas de proteção contra possíveis impactos do novo regulamento EUDR (European Union Deforestation-Free Regulation), que visa produtos isentos de desmatamento.

“Portanto, o mercado encontra suporte na oferta limitada e no receio em relação à próxima safra brasileira, mas enfrenta dificuldades para avançar devido à cotação já elevada e à postura mais curta da demanda nesse patamar de preço. Nesse sentido, mercado busca acomodação, tentando consolidar o intervalo entre 230 e 250 centavos, enquanto aguarda uma definição financeira e sinais mais claros sobre a próxima safra brasileira”, conclui.

Lessandro Carvalho/ Safras News

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