A concentração da valorização do S&P500 impressiona por mais de dois-terços vir da apreciação de quatro papéis: Amazon, Apple, Google e Microsoft.
O nervosismo dos investidores no final do verão tem atrapalhado as férias de alguns operadores, mas apesar de menores volumes negociados as bolsas americanas mantêm a liderança dos ganhos comparando com as outras de economias fortes.
No fim da semana o índice do dólar recuou para o mesmo nível da sexta-feira anterior influenciado pela notícia de que Trump e o presidente da China se encontrarão em novembro para tentar chegar a um “acordo” para diminuir os riscos da “guerra comercial”.
Dentre os componentes do CRB o suíno-magro, os grãos e o cacau foram umas das poucas commodities que subiram, sendo que o café em NY liderou o pelotão de perdedores, seguido pelo algodão, o suco de laranja e diversos metais.
Como tem sido de costume ninguém deu atenção para posição vendida dos fundos, os quais continuam vencedores em suas apostas à frente de um panorama negativo no curto-prazo difícil de ser dissipado. Por outro lado, os especuladores já detêm quase o recorde de 38.38% do número de contratos em aberto vendidos – logo devem diminuir um pouco seus livros em breve.
Londres colaborou para empurrar o arábica para baixo com o rompimento dos US$ 1,600 por tonelada e agora mira o suporte mais importante a US$ 1,497 /ton, base o contrato de novembro.
O “C” ficou a apenas US$ 0.30 cts/lb de romper a barreira de US$ 1.00 /lb, considerando o contrato de setembro que entra em período de notificação de entrega na próxima quinta-feira e, portanto, já tem menos liquidez.
Nova Iorque atingiu o mais baixo patamar desde 5 de dezembro de 2008, quando a segunda posição bateu US$ 102.15 centavos por libra, próximo suporte que os baixistas tentarão romper para atrair uma nova rodada de vendas dos fundos técnicos. Depois disto US$ 99.10 cents pode ser o objetivo (mínima de julho de 2006) e finalmente os talvez impensáveis (será?) US$ 95.85 centavos (a mínima daquele mesmo ano).
Os baixistas estão cada vez mais certos da tendência negativa usando como um dos argumentos a desvalorização das moedas das duas principais origens do arábica, que usadas para converter as cotações da bolsa ainda mantem os preços acima do que vimos em março último, considerando o Real, ou de julho passado, usando o Peso Colombiano.
A percepção da cultura ainda não estar dando prejuízo para os mais eficientes produtores contrasta com o reconhecimento de já estar abaixo do custo de produção para a maior parte dos países produtores dos chamados cafés-lavados e de muitos dos naturais.
Volto a repetir que o desencaixe de necessidades no curtíssimo prazo atrapalha um pouco a leitura, ou seja, a colheita brasileira entrando em fase final e ainda gerando necessidade de caixa contra o consumo sazonalmente mais baixo no verão do hemisfério norte.
Para complicar ainda mais tem o aumento dos cafés certificados na ICE, sinalizando falta de demanda para estes grãos, restando como alternativa de “comprador”, ou recebedor, o terminal.
O clima acaba sendo um dos poucos, se não o único, fator para causar alguma mudança na percepção de dois ciclos superavitários sequenciais, ou três para quem considera que sobrou café em 17/18.
A situação política mundial, seja a dos Estados Unidos diminuírem o tom acerca de tarifas, ou as eleições do Brasil “garantirem” que o país não volte para a mão da esquerda, podem também desencadear uma realocação de recursos, que coincidirá com a chegada do clima mais frio na Europa e com uma menor necessidade de venda brasileira.
A demanda do físico a diferenciais mais caros do que os compradores gostam de comprar também pode dar um suporte para a bolsa não cair muito mais, até porque os atuais níveis não são sustentáveis para o trato e a necessária manutenção da produção para o médio e longo-prazo.
O café tem destas, como a cultura é perene, acaba passando por momentos difíceis que duram mais tempo, dado o seu ciclo mais longo.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos a todos.