Porto Alegre, 27 de julho de 2018 – Os preços do café voltaram a cair com força para o arábica na Bolsa de Nova York e para o robusta em Londres nesta quinta-feira (26). Em NY, as cotações caíram abaixo da importante linha de US$ 1,10 a libra-peso, diante dos fundamentos baixistas e do comportamento cambial.
Nos fundamentos, é inegável que o cenário de oferta global é de tranquilidade para os compradores, para os consumidores de café. O Brasil está confirmando a colheita de uma safra recorde, com o clima favorável tanto para a evolução dos trabalhos quanto para o futuro.
Além da boa evolução da colheita, o clima no Brasil não apresentou neste inverno maiores riscos de frio mais intenso ou trouxe maiores temores de geadas, o que traz ainda maior tranquilidade aos consumidores e mantém o mercado sob pressão.
Nesta quinta-feira, outro aspecto baixista para o café foi a alta do dólar contra o real e outras moedas, que acabou pressionando o café em NY e levando as cotações a romperem mais uma vez a linha de US$ 1,10 a libra-peso. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado segue favorável ao comprador. “ A tranquilidade no abastecimento e a postura curta dos compradores continua minando as tentativas de alta”, comenta.
Barabach diz que uma mudança no patamar de mercado está atrelada a algum susto climático, que coloque em xeque a tranquilidade do abastecimento futuro. “Sem preocupação, a demanda segue da mão-para-boca e o avanço do preço patina”, diz, quando ocorrem altas como as recentes.
Colheita
As bolsas vêm reagindo negativamente as notícias de bom andamento da colheita brasileira. A colheita foi indicada em 68% até 24 de julho, segundo levantamento semanal de SAFRAS & Mercado. A colheita ainda está levemente atrasada, mas diminuindo o atraso em relação às semanas anteriores. Na semana passada, o índice estava em 61%.
Tomando por base a estimativa de SAFRAS para a produção de café do Brasil em 2018, de 60,5 milhões de sacas de 60 quilos, é apontado que foram colhidas 41,02 milhões de sacas até o dia 24 de julho. Em igual período do ano passado, a colheita estava em 73%, e na média dos últimos 5 anos para o período em 70%.
Segundo Gil Barabach, “o clima seco continua ajudando e os trabalhos de colheita de café no Brasil andaram bem ao longo da última semana”. Ele destaca que os trabalhos com conilon seguiram em bom ritmo. “E a colheita de arábica continua alinhada à média para o período, com a boa granação confirmando a safra recorde”, comenta.
A colheita de arábica voltou a ter um bom avanço e alcança 60% da safra, contra 66% em igual época do ano passado e 59% para média do período. Os trabalhos com conilon, apesar do bom avanço, seguem atrasados em relação ao normal para período. A colheita de conilon no Brasil gira em torno de 91% da safra projetada, comparada a 96% em igual época do ano passado e 98% de média.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS