Grão já subiu 15,9% com atuação de fundos especulativos e quebra na safra colombiana
ROBERTO TENÓRIO SÃO PAULO
A nova bolha especulativa provocada pelo retorno dos fundos e as perspectivas de queda na produção internacional impulsionaram as cotações do café nos últimos meses e já animam os produtores.
Depois de derrapar no primeiro trimestre de 2009, a commodity passou a registrar seguidas altas, amparada também pela desvalorização do dólar no mercado internacional.
Desde o início de abril, o café para setembro subiu 15,9% em Nova York, cotado atualmente em US$ 1,375 a libra-peso (0,45 quilos).
Conforme produtores, a valorização também foi percebida no mercado interno, cuja alta só não foi maior porque muitos aproveitaram o momento para vender. De acordo com analistas, a desvalorização da moeda americana também foi favorecida pelo retorno dos fundos de investimento ao mercado de renda variável.
Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), a saca do café arábica tipo 6 era cotada ontem em R$ 269,32, alta de 4,68%. A situação é exatamente oposta aos três primeiros meses do ano, quando o café vinha registrando preços baixos tanto no mercado interno como no externo. À época os prognósticos de queda no consumo mundial por causa das incertezas sobre a economia eram o principal fator baixista. Porém, as notícias de quebra na produção da América Central abriram espaço para a alta.
“A partir de abril o cenário mudou. Há indícios de que o pior da crise ficou para trás e a corrida pelo dólar diminuiu porque a economia de alguns países já sinalizam melhora”, avaliou Gil Barabach, analista da Safras & Mercado.
Ele observa ainda que prova disso é o aumento das atividades dos fundos de investimento.
Conforme dados da consultoria, com base no índice que apura as Comissões dos Negócios Futuros das Commodities (CFTC, na sigla em inglês), em dezembro, a atuação dos fundos na Bolsa de Nova York indicava 13 mil contratos negativos.
Isso significa, segundo o analista, que muitos estavam liquidando contratos (posição vendida).
No último relatório, divulgado em 19 de maio, a posição líquida demonstrava 24 mil contratos comprados.
“Esse número é interessante porque prova que o investidor passou de uma postura avessa a outra mais agressiva”, destacou.
Lúcio de Araújo Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior cooperativa de café do mundo, confirma a reação no mercado interno. Conforme explicou, a recuperação dos preços só não foi melhor porque o real está valorizando e as vendas de café foram mais intensas em maio.
“Provavelmente havia alguma coisa represada na mão dos produtores e eles acharam melhor vender agora”, afirmou. Conforme disse, foram reportados negócios com a saca a R$ 270. Barabach explica que como a commodity tem os preços dolarizados, quando a moeda americana perde valor ocorre um fortalecimento dos preços nas Bolsas para evitar crescimento da demanda com a valorização da moeda em outros países.
“A situação mudou um pouco e empolgou os cafeicultores. Essa melhora também foi favorecida por causa da queda na oferta de cafés da América Central, sobretudo na Colômbia, que enfrenta problemas com quebra de safra”, completou Dias, da Cooxupé.
Roberto Tenório
São Paulo, 28 de Maio de 2009 – A nova bolha especulativa provocada pelo retorno dos fundos e as perspectivas de queda na produção internacional impulsionaram as cotações do café nos últimos meses e já animam os produtores. Depois de derrapar no primeiro trimestre de 2009, a commodity passou a registrar seguidas altas, amparada também pela desvalorização do dólar no mercado interna-cional. Desde o início de abril, o café para setembro subiu 15,9% em Nova York, cotado atualmente em US$ 1,375 a libra-peso (0,45 quilos). Conforme produtores, a valorização também foi percebida no mercado interno, cuja alta só não foi maior porque muitos aproveitaram o momento para vender. De acordo com analistas, a desvalorização da moeda americana também foi favorecida pelo retorno dos fundos de investimento ao mercado de renda variável.
Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), a saca do café arábica tipo 6 era cotada ontem em R$ 269,32, alta de 4,68%. A situação é exatamente oposta aos três primeiros meses do ano, quando o café vinha registrando preços baixos tanto no mercado interno como no externo. À época os prognósticos de queda no consumo mundial por causa das incertezas sobre a economia eram o principal fator baixista. Porém, as notícias de quebra na produção da América Central abriram espaço para a alta.
“A partir de abril o cenário mudou. Há indícios de que o pior da crise ficou para trás e a corrida pelo dólar diminuiu porque a economia de alguns países já sinalizam melhora”, avaliou Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. Ele observa ainda que prova disso é o aumento das atividades dos fundos de investimento.
Conforme dados da consultoria, com base no índice que apura as Comissões dos Negócios Futuros das Commodities (CFTC, na sigla em inglês), em dezembro, a atuação dos fundos na Bolsa de Nova York indicava 13 mil contratos negativos. Isso significa, segundo o analista, que muitos estavam liquidando contratos (posição vendida). No último relatório, divulgado em 19 de maio, a posição líquida demonstrava 24 mil contratos comprados. “Esse número é interessante porque prova que o investidor passou de uma postura avessa a outra mais agressiva”, destacou.
Lúcio de Araújo Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior cooperativa de café do mundo, confirma a reação no mercado interno. Conforme explicou, a recuperação dos preços só não foi melhor porque o real está valorizando e as vendas de café foram mais intensas em maio. “Provavelmente havia alguma coisa represada na mão dos produtores e eles acharam melhor vender agora”, afirmou. Conforme disse, foram reportados negócios com a saca a R$ 270. Barabach explica que como a commodity tem os preços dolarizados, quando a moeda americana perde valor ocorre um fortalecimento dos preços nas Bolsas para evitar crescimento da demanda com a valorização da moeda em outros países.
“A situação mudou um pouco e empolgou os cafeicultores. Essa melhora também foi favorecida por causa da queda na oferta de cafés da América Central, sobretudo na Colômbia, que enfrenta problemas com quebra de safra”, completou Dias, da Cooxupé.
Colômbia deverá colher a menor safra desde 2001
28 de Maio de 2009 – A Colômbia, a terceira maior produtora de café do mundo, deverá colher este ano sua menor safra desde 2001, o que deve elevar os preços. Os cafeicultores colombianos foram prejudicados pelo alto volume de chuvas, disse a Associação Nacional de Exportadores Colombianos de Café.
A produção colombiana de café deverá cair pelo menos 4,3%, para 11 milhões de sacas (60 quilos), em relação aos 11,5 milhões de sacas do ano passado, disse Jorge Lozano, presidente da associação, que representa as empresas responsáveis pela comercialização externa de cerca de 60% do café do país. Uma saca de café pesa 60 quilos. “Os dados mostram uma redução significativa”, disse Lozano ontem em entrevista em Bogotá. “Onze milhões será um milagre.”
As exportações não ultrapassarão 10 milhões de sacas, comparativamente aos 11,1 milhões de sacas do ano passado, disse ele. A queda da safra da Colômbia, o maior produtor mundial depois do Brasil e do Vietnã, contribuiu para desencadear um salto de 22% nos preços do café este ano.
Preços
As cotações deverão subir na medida em que a demanda mundial ultrapassar a oferta este ano, disse Lozano. Na Colômbia não há estoques governamentais do grão, disse ele. A produção de café da Colômbia despencou 61%, para 345.000 sacas, em abril, no comparativo com abril do ano passado, devido ao clima chuvoso e à substituição de pés de café velhos. As precipitações alcançaram mais que o dobro da média dos níveis históricos em algumas regiões da Colômbia no ano passado e no primeiro trimestre de 2009, até se atenuarem em abril.