Preços do café no Brasil devem ficar sustentados, apesar de expectativa de melhora na safra

Café arábica devem se manter firmes no Brasil, apesar das expectativas de melhora na colheita da safra 2016/17 e estoques baixos, disse o Cepea

21 de janeiro de 2016 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Jhonatas Simião

Os preços do café arábica devem se manter firmes no Brasil, apesar das expectativas de melhora na colheita da safra 2016/17 e estoques baixos, disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), levantando uma das maiores dúvidas do mercado – o tamanhos dos estoques do País.


O Cepea disse que o clima no Brasil no início de 2016 “pode continuar sendo influenciado pelo El Niño”, que tem uma grande influência sobre os padrões de chuva.


“Este cenário deve ser favorável ao desenvolvimento” da cultura do café arábica que será colhida neste ano, com o El Niño trazendo muitas chuvas ao maior estado produtor da variedade, Minas Gerais, embora ele seja “desfavorável ao café robusta”.


O El Niño é tido como o principal responsável pela seca persistente no Espírito Santo, maior estado produtor de café robusta do Brasil.


Estoques baixos


A previsão de clima mais favorável para as áreas de café está provocando “expectativa de alta produção de arábica no Brasil”, disse o Cepea.


A corretora de soft commodities, Marex Spectron, com sede em Londres, estimou na semana passada que a safra 2016/17 do Brasil pode ter uma alta de 8 milhões de sacas, com uma produção histórica de 57,5 milhões a 58 milhões de sacas, dos quais 41,8 milhões são apenas de arábica.


No entanto, o Cepea informou que os valores do café arábica brasileiro devem encontrar suporte nos estoques baixos, devido as fortes exportações em 2014 e 2015 – anos marcados por colheitas decepcionantes.


“Os estoque são baixos, o que deve sustentar os preços domésticos em 2016”, disse o Instituto, citando, inclusive, um aumento nos valores de arábica, com entrega na cidade de São Paulo, a R$ 504,26 a saca (US$ 126,32), o valor mais alto em mais de um ano.


Os preços “acima de R$ 500,00 a saca de 60 kg não são registrados desde outubro de 2014”.


Dúvidas sobre os estoques


Muitos especialistas de café foram surpreendidos com a força das exportações do Brasil de 33,4 milhões de sacas de 60 kg no ano passado e 32,83 milhões de sacas em 2014, segundo dados oficiais.


Apesar da colheita baixa nos últimos anos, por conta da seca no Brasil – que consome cerca de 20 milhões de sacas por ano –, as exportações em 2013 bateram 28,33 milhões de sacas de 60 kg.


Muitos comentaristas afirmaram que a aparente divergência, pelo menos em parte, está ligada a subestimação da safra brasileira, estimada pela Conab em 43,2 milhões de sacas em 2014 e 45,6 milhões de sacas no ano passado.


No entanto, existem ideias generalizadas de que os estoques de café do Brasil são maiores do que se imaginava anteriormente.


O Cepea sinalizou uma estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de que os estoques de café do Brasil cairão 45%, para 5,20 milhões de sacas em 2015/16.


Ano de alta


As expectativas para a safra 2016 variam bastante, com muitos comentaristas menos otimistas do que a Marex, apesar das chuvas no início do ano calendário – um período que, após seca prolongada em 2014 e um grave déficit hídrico no ano passado, tem exigido mais atenção dos produtores.


O Conselho Nacional do Café estimou a safra do Brasil entre 47 e 50 milhões de sacas.


A projeção reflete “o fato de que as condições meteorológicas estão mais favoráveis ​​desde o final do ano passado para o desenvolvimento da cultura, diferente das estiagens e secas registadas em 2014 e 2015”, disse o CNC, acrescentando que sua previsão baseia-se em visitas a plantações e entrevistas.


O grupo também observou que 2016 é um ano de alta bienalidade para o café brasileiro, que tem alternado anos de produção historicamente superior e inferior.


Minas Gerais


Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou a produção de café do Brasil deste ano em 49,7 milhões de sacas de 60 kg, com um aumento de 15,6% na produção de arábica, para 38,3 milhões de sacas.


“Depois de dois anos consecutivos de problemas climáticos em importantes [regiões de cultivo de café] a produção do país deve se recuperar, em parte, em 2016 com um crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior”, disse o IBGE.


A colheita de Minas Gerais tem subido 21% ano a ano.


Tradução: Jhonatas Simião
Fonte: Agrimoney

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