As cotações avançaram nas bolsas do arábica em Nova York e do robusta em Londres
Porto Alegre, 08 de novembro de 2024 – O mercado internacional do café apresentou preços mais altos na semana. As cotações avançaram nas bolsas do arábica em Nova York e do robusta em Londres, e houve reflexos nas cotações no mercado físico brasileiro.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, a vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos agitou o mercado financeiro global, mexendo com dólar e as commodities. O índice DXY, que mede o valor do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, onde se destaca o euro, chegou a operar acima dos 105 pontos, antes de se acomodar em torno de 104,5 pontos. Na contramão, o dólar em relação ao real acumulou fortes perdas, diante da expectativa do anúncio de um pacote de corte de gastos públicos por parte do governo Lula.
“O enfraquecimento do dólar em relação ao real serviu como contraponto à agitação externa e funcionou como gatilho inicial a disparada dos preços na última quinta-feira (07), com a bebida voltando a flertar com a linha de 260 centavos em NY”, comenta Barabach. Os mercados financeiros ainda se ajustam ao resultado das eleições nos EUA e à decisão do Fed de cortar em 0,25 ponto percentual a taxa de juros norte-americana.
Um fator que contribuiu para a volatilidade no mercado de café, explicando as fortes oscilações nos preços no terminal nova-iorquino, é o vencimento das opções de dezembro/24, nesta sexta-feira, 8 de novembro. “O movimento de rolagem de contratos, devido à proximidade do primeiro dia de notificação de entrega física do vencimento dezembro/24, em 20 de novembro, também ajudou a alterar a dinâmica do mercado e potencializar as oscilações nos preços”, avalia.
Para Barabach, a consistência desses ganhos e a confirmação na mudança do patamar de atuação do café em NY ainda é incerto. “Os ganhos são sustentados pela agitação financeira, que tem fôlego curto, e ocorre em um momento de transição entre contratos na bolsa, também passageiro”, indica.
Seguem as atenções à safra brasileira de 2025. O clima melhorou, com chuvas mais frequentes no cinturão cafeeiro, e isso traz um sentimento mais positivo em relação à próxima safra. Mas, há incertezas com as perdas no potencial produtivo em função do prolongado período sem chuvas em 2024, com temperaturas elevadas.
No balanço da semana, entre os fechamentos das quintas-feiras (31 de outubro e 07 de novembro), o contrato março/2025 em Nova York acumulou alta de 5,8%, saindo de 245,50 centavos de dólar por libra-peso para 259,75 centavos. Em Londres, o mercado acumulou valorização para o robusta no contrato janeiro/2025 de 2,7%.
O mercado físico interno brasileiro encontrou suporte nos ganhos nas bolsas, com a queda do dólar, que acumulou nos últimos sete dias baixa de 1,8% no comercial, limitando o impacto positivo de NY e Londres. No balanço dos últimos sete dias, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, na base de compra, subiu de R$ 1.530,00 para R$ 1.600,00 a saca, alta de 4,6%. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, subiu 4,6% no comparativo, passando de R$ 1.425,00 para R$ 1.490,00 a saca na base de compra.
Barabach observa que, mesmo com a melhora no ambiente produtivo, continuam as dúvidas sobre o percentual de perda do potencial produtivo da safra brasileira 2025, reflexo da seca histórica, especialmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo. “A impressão é que a base comparativa inicial será mesmo a safra colhida esse ano. Enquanto no arábica existe uma cautela, no caso do conilon/robusta cresce a ideia de que a safra do próximo será maior que deste ano”, indica. Ele conclui que a agitação financeira acabou promovendo nova alta nos preços em bolsa, o que acabou distanciando o comprador do vendedor e dificultando dos negócios.
Lessandro Carvalho – Safras News
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