Preços das commodities vão resistir à freada chinesa, concorda ex-ministro

A desaceleração da economia chinesa não deverá afetar as importações de alimentos do país asiático nem os preços das commodities agrícolas, afirmou o exministro do Agricultura Roberto Rodrigues após participar do debate “O cenário atual do agronegócio”, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ontem, em São Paulo. A avaliação vai ao encontro das indicações feitas na semana passada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), conforme informou o Valor.

“Por enquanto, não significa redução das importações de alimentos, mas apenas de produtos de maior valor agregado”, disse Rodrigues. Segundo ele, o mercado interno chinês só reduziria sua demanda por alimentos se o ritmo da desaceleração da economia do país fosse “acentuada” para além da meta – de 7,5% em 2012 – anunciada pelo governo da China no início deste mês.
Também por isso, explica Rodrigues, os preços agrícolas não devem sofrer influência da decisão chinesa. No caso da soja, cujas cotações estão subindo, ressalta ele, “uma eventual redução da demanda – a China é a principal importadora da oleaginosa – seria mais do que compensada pela quebra da safra do Hemisfério Sul”, afirmou ele. Desde a segunda quinzena de dezembro, quando as preocupações com a safra sul-americana ganharam força, os preços da soja na bolsa de Chicago subiram 24%, segundo o Valor Data.

Se o ritmo chinês não implicar em preços menores, a crise que afeta os países desenvolvidos traz incertezas, segundo Rodrigues. “A crise não afetou de maneira profunda, mas pode ser um fator de pressão sobre os preços”, pondera. Mesmo neste cenário, o movimento de valorização do dólar manteria a rentabilidade do produtor rural, explicou o ex-ministro.

Também ontem, o presidente global da Nestlé, Paul Bulcke, disse à Bloomberg que os preços de commodities como café e açúcar devem continuar aumentando neste ano, embora em um ritmo mais lento do que em 2011. (Valor Econômico)

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