Preços caem e agronegócio deverá ter menor peso na balança comercial

3 de fevereiro de 2012 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Folha de São Paulo

03/02/2012 
  
MAURO ZAFALON – mauro.zafalon@uol.com.br

Os primeiros números da balança comercial do ano assustaram. E o agronegócio, tradicional alimentador de superavit, pode não participar, em 2012, com o mesmo ritmo de 2011.


Externamente, os preços da soja se mantêm acima dos US$ 12 por bushel (27,2 quilos), superiores à média histórica, mas 16% inferiores aos de janeiro de 2011, conforme as cotações de ontem na Bolsa de Chicago. O trigo cai 23%, e o milho, 4% no período.


Em Nova York, o açúcar, outro importante item da pauta de exportação, tem queda de 34% sobre janeiro de 2011. O café cai 14%.


Seca no Sul e problemas econômicos na zona do euro fizeram a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) rever para baixo as estimativas do setor.


Mesmo assim, Fábio Trigueirinho, secretário-geral da entidade, diz que “este ainda será um bom ano, com mercado e preços firmes”.


A safra, prevista inicialmente para 74,6 milhões de toneladas, deverá recuar para 71,9 milhões. Os estoques iniciais caem para 3 milhões de toneladas. Moagem interna e exportações também caem e esse ritmo menor vai fazer com que as divisas recuem 17%, para US$ 20,2 bilhões.


“É uma queda, mas os números ainda são muito bons”, diz Trigueirinho. “Os US$ 24,2 bilhões de 2011 foram um ponto fora da curva.”


De fato, se as estimativas da Abiove se confirmarem, as receitas externas com a soja ainda serão 15% superiores às de 2009 e de 2010.


O secretário-geral da Abiove alerta, no entanto, para o fato de que é cedo para estimativas sobre quebra de safra e de exportações. “Não se tem muita segurança nessas avaliações porque está difícil quantificar as perdas.”


De outro lado, no entanto, “temos os chineses, que continuam adquirindo nossa soja”, afirma Trigueirinho.


Máquinas O setor de máquinas e equipamentos agrícolas vive os reflexos do bom momento da agricultura em 2011. As vendas das indústrias para as concessionárias tiveram bom desenvolvimento.


Quanto sobe A entrega de colheitadeiras atingiu 604 unidades no mês passado, um volume 41% superior ao de igual mês de 2011.


Na margem Já as vendas de tratores atingiram 3.317 unidades em janeiro, um número 7% superior ao de igual período de 2011, conforme informações do mercado.


No bolso A queda de preços do álcool que ocorre nas usinas chegou aos consumidores paulistanos. Segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), os preços médios do derivado de cana recuaram 1,7% no mês passado, em relação a dezembro.


Barrados Inspetores dos EUA já impediram o desembarque de 20 cargas de suco de laranja no país por conterem fungicida proibido. Destas, 11 eram do Brasil.


China deve sustentar preço do algodão no curto prazo


O cenário de preços para o algodão é de sustentação no curto prazo. No médio, no entanto, a instabilidade da economia mundial, principalmente a dos países ricos, vai determinar o comportamento dessa matéria-prima.


A sustentação atual dos preços -ontem voltou a ter alta em Nova York- ocorre porque a China deverá retornar ao mercado para refazer estoques.


A produção de algodão sobe 7% na safra 2011/12, para 26,8 milhões de toneladas, incentivada pelo aumento de área e pelos bons preços nos últimos dois anos.


Em 2012/13, no entanto, os custos elevados e o recuo atual dos preços deverão provocar uma queda de 7% na produção, para 24,9 milhões de toneladas. A análise é de técnicos do Icac (comitê internacional do algodão).


Com KARLA DOMINGUES 

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