Preço mínimo do café é foco de divergências

Por: Valor Economico

03/05/2013

 

Perdura a indefinição em torno dos novos preços mínimos do café
 

Por De Brasília
 A indefinição em torno do reajuste dos preços mínimos do café no país, que vem sendo negociado nos bastidores desde março, causou rusgas na relação entre os ministérios da Fazenda e da Agricultura.

 A Fazenda ficou insatisfeita com a postura da Agricultura. Na avaliação de seus técnicos, a demanda dos produtores, que querem uma elevação de R$ 261,69 para R$ 340 para a saca de 60 quilos do café arábica, é muito superior ao reajuste possível, sobretudo com a inflação em alta. Por isso, criticam a postura da Agricultura de simplesmente receber uma demanda e transferir o problema para a Fazenda, sem negociação prévia.

 Já o Ministério da Agricultura avalia que o cálculo do valor pedido está correto, já que foi embasado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os especialistas da Pasta lembram que o preço mínimo serve para cobrir os custos de produção e não pode ser menor que esses custos.

 O reajuste vem sendo esperado desde a reunião do fim de março do Conselho Monetário Nacional (CMN). No encontro de abril do CMN, nova frustração. A Fazenda ofereceu R$ 310 e a Agricultura não aceitou. Houve, então, uma promessa de que os valores seriam divulgados no dia 30, mas nada aconteceu.

 A sequência de desencontros chegou até ontem, quando o Ministério da Agricultura convocou uma coletiva de imprensa para às 15h para divulgar o preço. Mas ela foi desmarcada 30 minutos antes do horário marcado, por “falta de um documento”. Mais um sinal de que, até aquela hora, a indefinição persistia.

 As idas e vindas do governo já começam a interferir no mercado. De olho em uma possível valorização da commodity, muitos produtores seguram as vendas à espera da decisão, o que “enxuga” a oferta e pode ajudar a puxar para cima os preços no mercado.

 Em abril, as exportações brasileiras de café somaram 2,458 milhões de sacas, 40% menos que no mesmo mês do ano passado. (TV)

Clima afeta a produção de robusta no Espírito Santo

 Por Carine Ferreira | De São Paulo
 A produção de café robusta (conilon) no Espírito Santos nesta safra 2013/14, que está em fase inicial de colheita, poderá recuar de 10% a 15% em relação ao ciclo anterior por conta do clima adverso em algumas regiões do Estado, segundo Enio Bergoli, secretário de Agricultura capixaba. Em 2012/13, a produção bateu recorde e alcançou 9,7 milhões de sacas.

 O Espírito Santo responde por 75% da produção nacional de robusta. Neste início de colheita, que se intensificará entre maio e julho, os grãos estão menores. A região norte do Estado, que representa cerca de 80% da safra, enfrentou uma situação climática atípica. Em agosto, período predominantemente seco, chuvas intensas prejudicaram o florescimento do café e a consequente formação dos frutos; depois, de novembro a fevereiro, os índices pluviométricos ficaram abaixo da média, o que afetou as lavouras não irrigadas da região sul do Estado. No norte, a maioria das propriedades cafeeiras usa irrigação e também faz o manejo de podas e nutrição, o que garante grande produtividade.

 O clima desfavorável prejudicou principalmente as lavouras mais maduras, com entre quatro e nove anos de idade, já que as novas, que estão entrando em produção diante da grande renovação dos cafezais capixabas, têm melhor rendimento.

 As projeções sobre o tamanho da safra ainda são iniciais perante algumas variáveis que podem alterar os números, como por exemplo a entrada em produção dos novos cafeeiros. Mas, por enquanto, a conversão do grão maduro para o seco (em termos de peso) não está boa em todas as principais regiões produtoras, conforme Bergoli. “Os grãos estão mais leves, ‘chochos’, queimados”, afirma. O secretário observa que em algumas regiões a perda pode ser ainda maior que os 10% a 15% estimados atualmente.

 Em contrapartida, a produção de café arábica, na região centro-serrana do Estado, deverá subir em 2013/14. Apesar da falta de chuva, os efeitos não foram tão acentuados para o arábica, que também passa por renovação das plantas. Em 2012/13, a safra foi de 2,8 milhões de sacas e as projeções para a colheita que se inicia é que o volume alcance de 3,2 milhões a 3,3 milhões.

 Somando a produção menor de robusta e a colheita maior de arábica, a safra total do grão no Espírito Santo poderá ficar praticamente estável frente ao ciclo 2012/13 – cerca de 12,5 milhões de sacas, de acordo com Bergoli. A Conab estima a produção em 12,8 milhões de sacas no Estado (3,3 milhões de sacas de arábica e 9,5 milhões de conilon).

 Apesar da menor produção de café robusta em 2013/14, o Estado avançou muito nos últimos anos e, como resultado da segunda fase do programa de melhoramento genético promovido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), serão lançadas em junho três novas variedades clonais da espécie, com características sensoriais de aroma e sabor, o que “desmitifica a ideia de que o conilon não tem gosto”, diz Bergoli.

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