23/03/2009 – A cotação do café apresentou pequena reação nos preços no Paraná nos últimos dias. A elevação é reflexo de dois fatores ocorridos durante esta semana: o protesto dos cafeicultores, realizado em Varginha (MG), e o pacote americano de cerca de US$ 1 trilhão para ajudar o mercado financeiro. Desta forma, a cotação que estava na casa dos R$ 220 a saca no mercado interno subiu para cerca de R$ 240 e R$ 250. ”Ainda não é o suficiente para cobrir custos”, afirma Carlos Amaral, presidente do Centro de Comércio de Café do Paraná. Segundo ele, o preço do grão estava baixo mesmo antes do estouro da crise econômica mundial – ocorrido em setembro -, que baixou as cotações de todas as commodities. ”No caso do café havia muita oferta e o preço não cobria os custos de produção”, diz Amaral. A grosso modo os custos, naquele período, variaram entre R$ 270 e R$ 300, dependendo da região e da tecnologia utilizada, enquanto os preços recebidos estavam pouco abaixo deste patamar. ”O produtor eficiente ainda conseguia um lucrinho, mas depois que as trades saíram da bolsa a cotação despencou para R$ 220”, informa.
No mês passado, um leilão de vendas realizado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa) contribuiu para que os preços caíssem ainda mais. ”’Foi um banho de água fria’ nos cafeicultores. A quantidade leiloada foi pequena, mas trouxe um efeito psicológico”, comenta Amaral. Ele acrescenta que os baixos preços praticados no ano passado deixaram estoques remanescentes, o que irá provocar aumento no volume do grão nesta safra. Por isso, projeções indicam que os preços podem cair novamente para R$ 220 a saca.
Na sua avaliação é necessária a intervenção do Mapa no mercado, com a realização de um leilão de opção de compra. ”Se os preços não subirem haverá erradicação dos pés de café, a área plantada irá reduzir ainda mais”, alerta. Segundo Guilherme Lange Goulart, vice-presidente da comissão técnica de café da Federação da Agricultura do Estado do Paraná e presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores, ”não há saída” para os cafeicultores. ”Não temos como sair do ‘vermelho’, já reduzimos os custos de produção e melhoramos nossa produtividade”, comenta. Goulart, que participou da manifestação realizada em Varginha, disse que o setor deve cerca de R$ 4 bilhões, fruto de uma dívida acumulada durante oito anos. ”Estamos em uma situação de descompasso entre o valor do produto e o custo de produção. O café é uma cultura perene, que exige altos investimentos em estrutura e, por isso, não dá para sair de uma hora para outra” disse.