Preço do café em retração

Por: Folha de Londrina

23/03/2013
 
Preço do café em retração
Nesta semana o valor da saca do grão beneficiado foi de R$ 270 contra a média de R$ 359,57 registrada em 2012
 


O ritmo dos preços do café começou com um situação não muito favorável neste primeiro trimestre de 2013. Os baixos valores fizeram que os cafeicultores freassem as vendas do grão, segurando os estoques nas propriedades. Números da Safras&Mercado apontam que o café colhido no ano passado atingiu a comercialização de 71% até o dia 28 fevereiro. Os trabalhos, de acordo com a entidade, seguem bem atrasados em relação a 2012, quando, no mesmo período, 87% da safra 2011/12 estava comercializada. Transferindo o percentual em números de sacas de 60 quilos, foram comercializados até agora 39,03 milhões de sacas, de uma safra total no País de 54,9 milhões de sacas.


No Paraná, a pesquisa aponta que 1,55 milhões das 1,70 milhões de sacas já foram vendidas, algo em torno de 91% do total. Porém, os números para o Estado são, digamos, contraditórios. Analistas de mercado consultados pela FOLHA afirmam que o percentual deve estar na média do nacional, entre 70% e 75%. “Como o produtor de café paranaense trabalha com outros cultivos, como a soja, ele usa o café para especular. Certamente, muitos agricultores ainda têm café estocado em suas propriedades”, presume o corretor de café, Marcos Aurélio Bacceti.


Este estoque certamente é justificado pelo preços ruins neste início de ano. De acordo com o levantamento mensal do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura (Deral/Seab), enquanto em 2012 a média da saca do café beneficiado de 60kg foi de R$ 359,57, no mês passado o valor ficou em R$ 289,96. Nesta semana, o preço girou em R$ 270 a saca. “No ano passado, chegamos a comercializar a R$ 400 a saca e agora os preços estão na casa dos R$ 270, R$ 280. Isso causa uma retração grande no mercado”, afirma o corretor.


Os especuladores de mercado, portanto, lançaram os preços lá embaixo porque sabem que o produtor está apenas retendo sua safra, sendo que ainda há um volume significativo a ser comercializado nos próximos meses. “É difícil mensurar o quanto de café ainda temos com os produtores, mas esta é a leitura que o mercado está fazendo no momento”, salienta Bacceti.


Para os próximos meses, o corretor não acredita que os preços possam voltar aos patamares do ano passado. Isso porque a proximidade de uma nova safra – entre abril e maio – deve fazer com que mais produto seja colocado no mercado. “Caso não haja nenhuma intervenção governamental nos estoques, como aconteceu em outras épocas, os valores de comercialização devem continuar nestes patamares de agora”, complementa o especialista.


Pelos números divulgados pela Safras&Mercado, a variação de comercialização nos estados é bastante significativa. Rondônia é o mais adiantado, com 98% vendido, enquanto Minas Gerais têm apenas 69%, na média das regiões de maior produção: Sul/Oeste, Cerrado e Zona da Mata. Já São Paulo aparece com 61% comercializado.


Victor Lopes
Reportagem Local

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