As boas expectativas em relação à safra brasileira e a valorização do dólar pressionaram os preços internacionais
12/03/2019 A cotação do café arábica no mercado interno recuou em fevereiro. Na última semana do mês ficou abaixo de R$ 400/saca, voltando aos menores patamares desde julho de 2014 (valores deflacionados pelo IGP-DI de janeiro/19), segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Os analistas explicam que o mercado doméstico acompanhou a queda dos preços internacionais, que foram pressionados por fatores técnicos, como as boas expectativas quanto à safra brasileira e pela valorização do dólar em parte do mês. Os futuros na Bolsa de Nova York fecharam operaram em queda de 3,5% em relação a janeiro.
O Indicador Cepea/Esalq do café arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista teve média de R$ 407,70/saca de 60 kg em fevereiro, recuo de 0,8% em relação à do mês anterior. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda é mais acentuada, de 13,3%% (valores deflacionados pelo IGP-DI de janeiro/19).
Os analistas comentam que em relação à liquidez, grande parte de compradores e vendedores seguiu distante do mercado em fevereiro, por causa dos baixos preços. “Os negócios foram limitados de acordo com a necessidade. No geral, enquanto que em janeiro cerca de 60 a 80% da safra havia sido vendida, em fevereiro (até o dia 15), o total variou de 60 a 85%”, dizem eles.
Em relação à próxima safra, os analistas observam que após o clima mais quente e seco registrado em janeiro, as chuvas retornaram às regiões produtoras em fevereiro, aliviando o estresse dos cafezais e reduzindo a possibilidade de quebra expressiva. Os agentes consultados pelo Cepea avaliam que a safra ainda deve permanecer próxima do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em janeiro deste ano, com produção entre 50,48 e 54,48 milhões de sacas de 60 kg.
Eles lembram que os dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostram que em fevereiro as chuvas ultrapassaram os 100 mm em todas as regiões produtoras de arábica, sendo que as estações de Patrocínio (Cerrado Mineiro) e Franca (Mogiana/SP) tiveram o maior acumulado do mês, com 224,6 e 194 mm, respectivamente. “As precipitações também auxiliaram na uniformização das lavouras, após as diversas floradas observadas no início do desenvolvimento. Entretanto, vale apontar que a próxima safra ainda deve apresentar qualidade inferior à de 2018/2019, especialmente em relação à peneira e aos defeitos”, dizem eles,
Em relação à bebida, os técnicos observam que as condições durante a colheita serão essenciais para determinar a qualidade. “Os trabalhos devem se iniciar já em abril em algumas regiões, devido às floradas precoces em agosto. A intensificação da colheita, porém, ainda deve ocorrer apenas entre maio e junho, como usual.”
Conilon
As cotações domésticas do café robusta/conilon tiveram pequena alta em fevereiro, devido à baixa liquidez do mercado. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 305,15/saca de 60 kg no mês e, para o tipo 7/8 bica corrida, de R$ 295,16/saca, ambos com leve alta de 0,3% frente a janeiro. Já no comparativo com o mesmo período de 2018, o tipo 6 se desvalorizou 11%, e o 7/8, 11,6% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI janeiro/2019).
Os analistas relatam que enquanto produtores seguiram muito retraídos, devido aos baixos preços, compradores, especialmente torrefadores, estiveram relativamente distantes do mercado, o que evitou grande mudanças nos preços internos do robusta.
Os agentes consultados pelo Cepea comentaram que grande parte das indústrias aproveitou os preços mais baixos dos cafés arábica inferiores, como o bebida rio, para recompor parte dos estoques, o que refletiu em menor apetite pelo robusta.
Além disso, dizem os técnicos, o maior volume esperado da variedade em 2019/20 aliado ao elevado volume de grãos da safra 2018/2019 ainda nas mãos de produtores também tem mantido compradores afastados, devido ao cenário de ampla oferta. Em fevereiro, apesar de, em Rondônia, o percentual de café remanescente de 2018/2019 não ter alcançado 5% do volume produzido, no Espírito Santo, produtores capixabas ainda detinham de 20 a 30% da safra.
Em relação às condições das lavouras de robustas, os analistas observam que as precipitações retornaram em boa parte das regiões produtoras, mas foram mais desuniformes em relação ao arábica. Em Nova Venécia (ES) o acumulado em fevereiro foi de 74 mm, em Linhares, o volume foi de apenas 2,8 mm.
Segundo eles, as altas temperaturas no Espírito Santo preocupam. Apesar de ainda ser esperada uma safra levemente superior à 2018/19, as lavouras capixabas podem apresentar quebra entre 5 e 10% do que era esperado. No geral, a aposta de agentes consultados pelo Cepea é de 15 a 17 milhões de sacas de 60 kg. Em relação à colheita, deve ser iniciada ainda no início de abril em Rondônia, assim como os trabalhos nas lavouras mais precoces no Espírito Santo.
POR REDAÇÃO GLOBO RURAL
Fonte : Globo Rural
As boas expectativas em relação à safra brasileira e a valorização do dólar pressionaram os preços internacionais
A cotação do café arábica no mercado interno recuou em fevereiro. Na última semana do mês ficou abaixo de R$ 400/saca, voltando aos menores patamares desde julho de 2014 (valores deflacionados pelo IGP-DI de janeiro/19), segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Os analistas explicam que o mercado doméstico acompanhou a queda dos preços internacionais, que foram pressionados por fatores técnicos, como as boas expectativas quanto à safra brasileira e pela valorização do dólar em parte do mês. Os futuros na Bolsa de Nova York fecharam operaram em queda de 3,5% em relação a janeiro.
O Indicador Cepea/Esalq do café arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista teve média de R$ 407,70/saca de 60 kg em fevereiro, recuo de 0,8% em relação à do mês anterior. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda é mais acentuada, de 13,3%% (valores deflacionados pelo IGP-DI de janeiro/19).
Os analistas comentam que em relação à liquidez, grande parte de compradores e vendedores seguiu distante do mercado em fevereiro, por causa dos baixos preços. “Os negócios foram limitados de acordo com a necessidade. No geral, enquanto que em janeiro cerca de 60 a 80% da safra havia sido vendida, em fevereiro (até o dia 15), o total variou de 60 a 85%”, dizem eles.
Em relação à próxima safra, os analistas observam que após o clima mais quente e seco registrado em janeiro, as chuvas retornaram às regiões produtoras em fevereiro, aliviando o estresse dos cafezais e reduzindo a possibilidade de quebra expressiva. Os agentes consultados pelo Cepea avaliam que a safra ainda deve permanecer próxima do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em janeiro deste ano, com produção entre 50,48 e 54,48 milhões de sacas de 60 kg.
Eles lembram que os dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostram que em fevereiro as chuvas ultrapassaram os 100 mm em todas as regiões produtoras de arábica, sendo que as estações de Patrocínio (Cerrado Mineiro) e Franca (Mogiana/SP) tiveram o maior acumulado do mês, com 224,6 e 194 mm, respectivamente.
“As precipitações também auxiliaram na uniformização das lavouras, após as diversas floradas observadas no início do desenvolvimento. Entretanto, vale apontar que a próxima safra ainda deve apresentar qualidade inferior à de 2018/2019, especialmente em relação à peneira e aos defeitos”, dizem eles,
Em relação à bebida, os técnicos observam que as condições durante a colheita serão essenciais para determinar a qualidade. “Os trabalhos devem se iniciar já em abril em algumas regiões, devido às floradas precoces em agosto. A intensificação da colheita, porém, ainda deve ocorrer apenas entre maio e junho, como usual.”
Conilon
As cotações domésticas do café robusta/conilon tiveram pequena alta em fevereiro, devido à baixa liquidez do mercado. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 305,15/saca de 60 kg no mês e, para o tipo 7/8 bica corrida, de R$ 295,16/saca, ambos com leve alta de 0,3% frente a janeiro. Já no comparativo com o mesmo período de 2018, o tipo 6 se desvalorizou 11%, e o 7/8, 11,6% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI janeiro/2019).
Os analistas relatam que enquanto produtores seguiram muito retraídos, devido aos baixos preços, compradores, especialmente torrefadores, estiveram relativamente distantes do mercado, o que evitou grande mudanças nos preços internos do robusta.
Os agentes consultados pelo Cepea comentaram que grande parte das indústrias aproveitou os preços mais baixos dos cafés arábica inferiores, como o bebida rio, para recompor parte dos estoques, o que refletiu em menor apetite pelo robusta.
Além disso, dizem os técnicos, o maior volume esperado da variedade em 2019/20 aliado ao elevado volume de grãos da safra 2018/2019 ainda nas mãos de produtores também tem mantido compradores afastados, devido ao cenário de ampla oferta. Em fevereiro, apesar de, em Rondônia, o percentual de café remanescente de 2018/2019 não ter alcançado 5% do volume produzido, no Espírito Santo, produtores capixabas ainda detinham de 20 a 30% da safra.
Em relação às condições das lavouras de robustas, os analistas observam que as precipitações retornaram em boa parte das regiões produtoras, mas foram mais desuniformes em relação ao arábica. Em Nova Venécia (ES) o acumulado em fevereiro foi de 74 mm, em Linhares, o volume foi de apenas 2,8 mm.
Segundo eles, as altas temperaturas no Espírito Santo preocupam. Apesar de ainda ser esperada uma safra levemente superior à 2018/19, as lavouras capixabas podem apresentar quebra entre 5 e 10% do que era esperado. No geral, a aposta de agentes consultados pelo Cepea é de 15 a 17 milhões de sacas de 60 kg. Em relação à colheita, deve ser iniciada ainda no início de abril em Rondônia, assim como os trabalhos nas lavouras mais precoces no Espírito Santo