Preço da saca de café pode aumentar 25% na próxima safra

Baixo estoque do grão de boa qualidade em vários países anima produtores brasileiros

18 de janeiro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Agricultura | 18/01/2011


Roberto Alves | Araguari (MG)


O baixo estoque de café de boa qualidade em vários países anima os produtores brasileiros. Na próxima safra, o preço da saca de 60 quilos pode chegar a R$ 450, cerca de 25% a mais que no ano passado. É um incentivo para que os cafeicultores invistam ainda mais em qualidade.


Em 32 hectares no município de Araguari (MG), o agricultor Sérgio Segantini Bronzi tem pouco mais de cem mil pés de café. Em vários anos como cafeicultor, ele diz que o baixo preço do produto foi uma das dificuldades enfrentadas nas últimas safras.


– A gente vem tentando novos preços que realmente remunerem a atividade adequadamente há praticamente dez anos. Nós estamos aí com preços defasados com custos de produção aumentando anualmente e os preços estáveis, mas estáveis em níveis que não remuneram adequadamente a atividade – afirma o agricultor.


A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a próxima safra brasileira de café fique entre 41 e 44 milhões de sacas, número menor que a safra 2010/2011, que foi de 48 milhões de sacas.


A produção menor, que já era esperada, na prática não representa prejuízos. Ainda mais este ano, em que, além de uma safra menor, ocorreram quebras de safras em países considerados grandes exportadores, como a Colômbia. Com a falta de estoque no mundo, o preço da saca de 60 quilos para este ano no Brasil deve chegar a R$ 450, cerca de R$ 100 a mais que no ano passado, isso para o café de boa qualidade.


– Os produtores dos países centrais tiveram safras pequenas. Eles tiveram problemas com safra esse ano, então a busca de cafés melhores no Brasil para suprir inclusive essa falta dos cafés dos centrais tem feito com que nosso café seja mais valorizado do que ele era e tem despontado efetivamente no mercado – explica a diretora de cooperativa Evanete Peres Domingues.


Boa parte do café produzido na região do Triângulo Mineiro vai para países da Europa, Japão e Estados Unidos. Para a próxima safra, mais cafeicultores do cerrado mineiro buscam agora investir na melhora da qualidade.


– Nós temos trabalhado com qualidade desde a década de 1990, porque a qualidade efetivamente agrega valor ao produto, e a qualidade está muito voltada ao pós-colheita. É o cuidado que a gente tem no manejo desse café, na manipulação desse café depois de tirado da árvore que se define a qualidade do café. O que o produtor tem que fazer é procurar técnicas para produzir café de qualidade – ensina Evanete.


Apesar da boa notícia para o setor, há produtor desconfiado em relação a uma melhora no preço.


– Como é um mercado altamente manipulado pelo mercado internacional, com fundos, investimentos, é uma commodity muito trabalhada a nível de bolsa e tudo mais. O produtor rural não tem nenhum domínio sobre o mercado. Ele sempre é refém, é sempre o quanto pagam – conclui Bonzi.



 
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