Valor – Carine Ferreira
Em um momento de preços baixos do café, discute-se a viabilidade da cafeicultura. Para o presidente da Cooperativa Reginal de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa (foto: Valor Econômico), os agricultores familiares não têm alternativa e não podem sair da produção do grão. Já os produtores médios e grandes estão procurando alternativas. “O preço atual do café é desestímulo muito grande. Esse preço não paga as contas”, declarou em entrevista ao Valor.
O presidente da maior cooperativa de café do mundo estima que os preços no atual patamar vão representar no futuro uma queda da produção, já que os produtores terão de reduzir custos e o uso de insumos e tecnologias, que vão impactar negativamente a produtividade. “Quanto mais tempo perdurar os preços baixos, mais rápida será a queda [da produção]”, disse.
Com menor produção no futuro, o preço do produto poderá subir e haverá outro estímulo para se aumentar a produção. É o chamado “ciclo do café”. Na avaliação de Paulino da Costa, o problema foi o café ter subido a R$ 550 a saca em 2011 (hoje o produto de boa qualidade é vendido por cerca de R$ 270), classificado como um valor irreal. “Aumentou a produção, muita gente fez dívida a este valor do café”.
Ao mesmo tempo, o presidente da cooperativa disse que também não existe justificativa para a cotação do grão cair ao patamar atual. “Os fundamentos não justificam preços tão baixos”. Segundo Paulino da Costa, o mundo consome cerca de 12 milhões de sacas de café por mês. Se houver problemas em grandes países produtores, o excesso do grão “some”.
O presidente da Cooxupé também afirma que o cafeicultor recebe apenas cerca de 20 centavos pela xícara de café de boa qualidade que é comercializada ao consumidor final. O preço do produto tem subido no varejo, reflexo da inflação.
CNC Café