Braga, 17 Mar (Lusa) – Uma exposição sobre a trajetória de “A Brasileira”, um dos cafés mais antigos de Braga, no noroeste de Portugal, evoca neste sábado os cem anos do local.
A mostra junta objetos do passado, como uma antiga máquina de café e bules, e fotografias. “É uma forma de dar a conhecer aos clientes e aos bracarenses um pouco da história de A Brasileira”, disse à Lusa Elvira Pinheiro, uma das administradoras do café, situado no centro de Braga.
Durante a inauguração, os presentes foram convidados a provar o tradicional “café de saco” (café de coador), a principal especialidade desta emblemática casa do centro histórico de Braga, que vai ser reformada no fim do ano.
Os donos da loja dizem já ter solicitado um estudo para restaurar a loja sem descaracterizar o seu traço original: “O café necessita de renovação para se tornar mais agradável e confortável. O objetivo é criar um ambiente mais bonito”, frisou Elvira Pinheiro.
A intervenção, que implica o encerramento temporário, prevê trabalhos de pintura, restauração do mobiliário, limpeza do interior e exterior do edifício, entre outras obras.
Tal como no passado, o café é um espaço de encontro e convívio de muitos bracarenses: “Abrangemos um leque de clientela bastante amplo. De manhã, reúnem-se mais pessoas idosas; à tarde, temos muitos professores e professoras; à noite é um público mais jovem”, enumera.
Quatro donos
O café “A Brasileira” passou, desde a sua abertura, em 17 de março de 1907, por quatro mãos. O fundador, Adolpho de Azevedo, um negociante portuense e vice-cônsul do Brasil em Braga, esteve à frente do estabelecimento durante 30 anos.
Em 1937, o café foi adquirido por Joaquim Queirós, que o manteve nas quatro décadas seguintes, integrando o vizinho café Sport (na parte mais baixa do café).
No Estado Novo (regime político que durou de 1933 a 1974 em Portugal e foi encerrado com a Revolução dos Cravos), foi aberto na outra esquina da rua um outro café, a “Nova Brasileira”. Naqueles anos, “A Brasileira” era freqüentada por opositores de Antônio Salazar, e a “Nova Brasileira” era procurada por simpatizantes do regime.
Em 1997, foi passado a Joaquim Domingos Godinho, até que, em 2004, foi vendido a Armindo Pinheiro e filhos, atuais gerentes.
Quando a casa abriu, em 1907, “A Brasileira”, além de café do Brasil, vendia vinhos finos engarrafados da Parceria Vinícola dos Lavradores do Douro e outros produtos.
Com o passar dos anos, foi amplindo a oferta de produtos e há cerca de oito anos introduziu o café expresso. Mas, geralmente, a “Brasileira” é procurada pelo seu “café de saco”.